2007-06-25

Vigília - guerrilha cultural pela América do Sul: atividades de denúncia da IIRSA
(Iniciativa de Integração da Infra-estrutura Regional Sul Americana)

A IIRSA é a tentativa de implementação dos mesmos planos e objetivos da ALCA (Acordo de Livre Comércio das Américas): o escoamento das riquezas naturais do continente para os mercados da Europa e Estados Unidos. Para isso, estão sendo viabilizados através dos governos de “esquerda“ sul-americanos 337 mega-projetos de infra-estrutura – principalmente gasodutos, vias de transporte e meios de telecomunicação. Os projetos estão causando novo genocídio de povos e comunidades. DENUNCIAMOS ESSE GENOCÍDIO E A IIRSA!!!!!

Actividades:

Terça-feira (26/6) - a partir das 19 horas

Apresentação de trechos de documentários:

  1. SED – invasión gota a gota: la próxima guerra será por la água

    (tema: geopolítica na região do Aquífero Guarani, um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do mundo)

  1. Nuestro Petróleo y otros cuentos

    (tema: impactos do aumento da produção de petróleo na Venezuela de Hugo Chávez e seus vínculos com as indústrias estado-unidenses)

Quarta-feira (27/6) – a partir das 19 horas

Exibição de filmes brasileiros:

  1. Quanto vale ou é por quilo?

    (tema: denúncia da indústria das ONG´s e a escravidão contemporânea)

  1. Estamira

    (tema: história de mulher moradora área de lixo urbano no Rio de Janeiro)

  1. Terra Estrangeira

    (tema: imigração brasileira em Portugal após o agravamento da crise econômica na década de 90)

  1. Ônibus 174

    (tema: história de menino de rua que sequestra um ônibus em bairro nobre do Rio de Janeiro e acaba sendo refém da sociedade do espetáculo)

  1. Sonho Real

    (tema: história de uma ocupação urbana na cidade de Goiânia)

Quinta-feira (28/6) – 22 horas

Debate-denúncia sobre os impactos sócio-ambientais da IIRSA e o relato/exemplo de um caso de destruição da última comunidade pescatória no Estuário de Santos (São Paulo-Brasil), a partir da expansão do porto e construção de novos terminais para exportação de soja transgênica, carne e etanol para Europa, Estados Unidos e outros países do “Primeiro Mundo“.

(com exibição de trechos de documentários)

Sexta-feira (29/6) – das 19 hs às 22 hs

Resistência e lutas sociais na América do Sul

    Exibição de documentários: “Roda Grande“ e “Trukã“ (luta pela autodeterminação de povos indígenas em Pernambuco); MTST (Movimento dos trabalhadores Sem-Teto em São Paulo); Movimento Piquetero na Argentina

Durante as atividades será disponibilizado todo material da vigília – guerrilha cultural: fotos, livros, filmes, zines, publicações, músicas, etc. para divulgação e livre reprodução dos coletivos e pessoas interessadas em construir práticas criativas de resistência. Sejam bem-vindos!!!!!!!!!

Tudo na
Casa Viva
Praça Marquês de Pombal, 167 - Porto
(entrada livre - bate ao batente)

Etiquetas:

Quadras do S. João Rivolicionário

Neste S. João não vou saltar
A fogueira das vaidades
Fico na Praça a gritar
Umas tantas verdades!


Na noite de S.João
Há algo bonito para festejar
Pois hoje não há
Jesus Cristo Superstar!

Rivoli nosso teatro
Por ti passou meio mundo
Até seres ocupado
Por este ser imundo



Meu rico S.João
Santo meu amigo
Se fores a Lisboa
Leva o La Féria contigo!



Esta encenação é um prego
Para pregar na minha cruz
Por um presidente cego
Que acha que vê a Luz!



Ai ó meu rico S. João
Ó padroeiro de rios e mares
Ai terás a nossa devoção
Se deste Rio nos livrares


E repenica, repenica, repenica
Quem se revolta calado não fica
E de repente e de repente e de repente
Quem não se sente não é filho de boa gente

Ai ó santo de todas as águas
Vê se desces da tua cascata
O nosso rio só carrega mágoas
Quanto mais rega mais colheitas mata

Ai orvalheiras, orvalheiras, orvalheiras
E viva a raiva das mulheres solteiras
Ai orvalhadas, orvalhadas, orvalhadas
Viva o protesto das mulheres casadas



Ai ó meu santo marinheiro
Primo carnal do senhor Jesus
Aqui no Porto p’ra ganhar dinheiro
Todos os dias se levanta a cruz

Ai orvalhados, orvalhados, orvalhados
Viva a razão dos homens zangados
Ai orvalhedo, orvalhedo, orvalhedo
Viva o protesto dos homens sem medo


Ai o La Féria para fazer reclame
Por dez dinheiros uma cruz plantou
Ai não deixeis santo que eu me dane
Se ainda me rio de quem a queimou

Ai orvalheiros,orvalheiros, orvalheiros
Abaixo os pulhas e os trampolineiros
Ai orvalhados, orvalhados, orvalhados
Abaixo os bufos e os homens mandados



Deixe aqui a sua esmola
Que eu estou liso até à sola
Porque fui ao Rivoli
Para ver uma revista
Do La Féria, aquele artista
Que agora governa ali

Se o inferno existisse
E a vergonha amortalhasse
La Féria em cinzas tombava
Por ir buscar aliado
A quem no tempo passado
O poder desafiava

Pois Jesus sempre pregou
Que vil metal é o ouro
Reles, infame, imoral
Recordemos que em seu tempo
Expulsou do velho templo
Os donos do velho capital

O terceiro mandamento
De que há conhecimento
Não permite invocar
O filho de Deus em vão
Fazendo dele cenoura
Que ao burro manda avançar

Jesus Cristo Supercaro
É preciso ter descaro
Chico esperto tem bom faro
Ó Zé Povo não te enganes
Pelos ouros não te danes
Nem te deixes manobrar

Desde que veio o anúncio
Abrenúncio te arrenego
Do La Féria triunfante
Não têm faltado petas
Banhadas, historietas
Muita conversa humilhante.

Mas há gente que se ala
E prefer a rua à sala
Sem receio do poder
Põe-te a pau trampolineiro
Quem muito abana o traseiro
Acaba por se foder

Arreda daqui Pipinho
Devagar, devagarinho
Que o people te vai à tromba
Se tens amor ao corpinho
Volta à corte com a escolta
Que Lisboa é que é de arromba

(Roubado de Pimenta Negra)

Etiquetas:

2007-06-24


Rock Militante na Casa Viva

Concerto de Solidariedade com António Ferreira

António Ferreira, presentemente recluso em Pinheiro da Cruz, concelho de Grândola, encontra-se numa situação injusta e irregular dentro da prisão, até mesmo segundo as leis pelas quais é julgado.

O tratamento que tem recebido ao longo destes últimos 13 anos é muito diferente do tratamento dado à maioria das pessoas presas. Além de recentemente não lhe serem concedidas saídas precárias (apenas alguns dias fora do estabelecimento prisional), as suas reivindicações nunca são atendidas ou demoram anos a sê-lo.

As situações mais gritantes são talvez a não aplicação de cúmulo jurídico (acumulação de penas para que, no total, uma sentença de prisão não ultrapasse a pena máxima prevista na lei), prática comum dos tribunais portugueses, e a recusa em colocar o António em liberdade condicional. Coisa que já se poderia verificar há mais de 4 anos!
Estranhamente, não está a ser dado um tratamento "comum" a este caso, o que nos leva a concluir que o António se trata de um preso político.

Dia 24 de Julho está marcada uma audiência para análise do pedido de liberdade condicional. Apesar de já há muito tempo ter direito a tal, ainda há seis meses atrás foi-lhe negado o pedido sem qualquer justificação plausível.

Para mais informação sobre este caso, aparece dia 30 de Junho no Casa Viva ou contacta
cosanossa@gmail.com

Sáb. 30 junho, 22h00 entrada livre
concerto

Disgraça
Disgraça, banda Crustpunk Diy com forte influência libertária. Com alguns ex-integrantes de Tempos de Revolta. A banda nasceu em Ferreira do Alentejo em 2005.

Disastro Sapiens
Neste momento estamos a braços com uma questão metafísica fundamental: não estamos certos se existimos realmente (se a resposta for positiva é um absurdo que não conseguimos compreender). Como tal, não faria sentido uma biografia duma existência não demonstrada.

Dom. 1 julho, 22h00 entrada livre
concerto

Tintura d'Ódio
Crust com Crosta dos esgotos Sadinos

Focolitus
Uma das bandas mais criativas da cena punk portuguesa, porque vai mais longe na busca de inspirações para o mundo do punk ska.

Casa Viva
Praça do Marquês de Pombal, 167 – Porto

Etiquetas: ,

2007-06-22

No S. João pelo Rivoli
(a ler, multiplicar e distribuir na noite de S. João)

Defender o espaço público é dizer, alto e bom som, que uma cidade não é uma presa a esquartejar e dividir entre os caçadores que possuem mais armas, pontaria, treino ou conhecimento dos alvos. Defender o espaço público é afirmar, contra ventos e marés, que os países não são a herdade dos governantes e que as cidades não são a coutada dos autarcas. Defender o espaço público é lembrar que todos estamos de passagem à face da terra e nos lugares onde moramos, que nenhum poder, por legitimamente eleito que se gabe de ser, pode alienar às populações os locais e obras que foram esforçadamente construídos ou conquistados para o bem comum do maior número e dos vindouros.

Defender o domínio público é recordar que foram necessários séculos de lutas sociais para arrebatar a uns poucos punhados de senhores da terra a esperança de poder fruir daquilo que é obra da humanidade no seu conjunto, quer se trate de bens materiais ou imateriais, quer se trate duma praça ou de um poema, dum teatro ou de uma partitura, de uma fonte, de uma ponte ou da água que brota de uma e corre debaixo da outra. Defender o domínio público é reconhecer que as coisas crescem em beleza e utilidade quando são por muitos cuidadas, divididas, pensadas, interrogadas. Defender o domínio público é descobrir que sociedades edificam e deixam rastos porque a consciência da morte impele os humanos a desejar existências mais plenas, modos de viver mais dignos e comunidades de viventes em que a própria vida seja um valor sagrado.

Defender o serviço público é perceber que, por viverem em sociedade, todos os humanos são sucessiva, alternada e forçosamente assistentes e assistidos, porque essa é a condição sine qua non da nossa sobrevivência enquanto espécie. Defender o serviço público é acreditar na utilidade do que é belo e na beleza do que é útil, é acreditar que um «serviço» será tanto mais útil quanto permitir leituras e fruições do mundo mais belas e assim produzir outras utilidades e, logo, outras leituras e fruições, conducentes a outras maneiras de estar no mundo. DEFENDER O SERVIÇO PÚBLICO NO RIVOLI é entender que, para além do desejável aperfeiçoamento de que todas as obras humanas carecem, no nosso teatro municipal aconteceram inúmeros momentos de criação, partilha e intervenção que marcaram (ou até mudaram) milhares de pessoas positivamente, e que isso devia continuar a acontecer.

NESTA NOITE EM QUE A CIDADE PARECE SER DE TODOS, toma tu também a decisão de DEFENDER O SERVIÇO PÚBLICO e de LUTAR COM OS MEIOS QUE TENS AO TEU ALCANCE CONTRA A ENTREGA DA GESTÃO DO RIVOLI A PRIVADOS.

Etiquetas: ,

Como a Indústria Musical Selou o seu Futuro ao Processar o Napster

Regularmente um grande órgão de comunicação social lembra-se de publicar um artigo sobre o declínio da indústria da música aproveitando frequentemente para transmitir a mensagem dos executivos das gravadoras de que os únicos culpados para esta situação lastimável são os internautas e as redes de P2P que facilitam o roubo indiscriminado dos seus produtos.

Mas a Rolling Stone decidiu abordar o tema de uma perspectiva completamente oposta a esta. Na primeira parte de uma série de dois artigos a revista especializada faz uma recolha de algumas das histórias e das estatísticas das vemdas de CDs que todos nós já conhecemos. Contudo, os autores da peça revelam alguns pormenores dos bastidores da batalha das companhias discográficas e da RIAA contra o Napster original que levam a concluir que o cataclisma que se abateu sobre o negócio da música nos últimos sete anos podia ter sido resolvido nessa altura pelos próprios interessados através da instituição de uma licença voluntária global sob a partilha de ficheiros...

Lê mais em Remixtures.com

Etiquetas:

2007-06-20

Rivoli - História duma Morte Programada

Etiquetas:

Delitos à moda do Porto

Extractos de Delitos à moda do Porto, de Manuel Carvalho , Editorial do Público, 20.06.2007. (Sublinhados de "hoje há conquilhas").

«Por estes dias em que tanto se discutem as pressões do poder sobre os media aconteceu na segunda cidade do país um episódio que nos remete para os tenebrosos tempos em que se perseguiam cidadãos por manifestarem ideias em público. A história resume-se em poucas palavras: um jornalista que desempenha um cargo directivo no Jornal de Notícias decidiu participar numa acção de protesto contra a cedência de um espaço público, o Teatro Rivoli, a Filipe La Féria; o jornalista é filmado sem autorização no exercício dos seus direitos de cidadania, as imagens são então servidas no site da Câmara do Porto através de um link que acompanha um texto com o título sugestivo de que o JN "endurece oposição: director adjunto manifesta-se contra a Câmara do Porto".

Quando tanto se fala das tentativas do Governo em coagir os jornalistas e de cercear o seu acesso às fontes de informação, é fundamental que se olhe para o que acontece há anos na Câmara do Porto
. Porque se há lugar no país onde se respira o ar "claustrofóbico" que o PSD denunciou nas cerimónias do 25 de Abril esse lugar é o Porto. (…)

a Câmara do Porto e os seus spin doctors transcenderam-se e atingiram o limiar do inaceitável. O sentido da decência e do respeito pela liberdade, incluindo a liberdade de errar, não existe naquele clube intolerante.(…)

Comparado com ele, José Sócrates, os seus assessores e chefes de gabinete são aprendizes. É por isso que, antes de atirar pedras ao Governo sobre o clima de "claustrofobia" que se vive no país, o PSD tem o dever de olhar com atenção para o exemplo que acolhe dentro das suas próprias fileiras. »

Etiquetas:

2007-06-19

Rio Responde à Manif Silenciosa (finalmente..)

Pessoalmente, acho que Rui Rio se revela quando reage à existência duma manifestação à porta do Rivoli na noite de estreia do espectáculo do Lá Féria. Ao tentar transformar uma concentração silenciosa que cercou toda a praça D. João I num ajuntamento de 350 carneiros às ordens duns macabros dirigentes de massas com uma paranóia doentia contra o magno presidente da CMP, Rio acaba por deixar transparecer o seu desespero por lhe começar a desaparecer a capa do homem com “uma forma diferente de fazer política”.

Esqueçamos que se utiliza o site da CMP, pago por todos, incluindo os que estavam na manifestação, para que o chefe do executivo portuense se defenda de uma manifestação silenciosa.

Esqueçamos também que Rio diz que “Logo no segundo parágrafo, afirma que o espectáculo preparado para a Praça D. João I “provocou animosidade” e que a escolha do encenador para ocupar o equipamento foi “decidida unilateralmente pelo executivo de Rui Rio”.
Para além de não ser conhecida qualquer agitação para lá da manifestação convocada pelos denominados “ocupas”, HTS não explica como é que um Executivo poderia tomar decisões bilaterais, ou mesmo trilaterais de forma a que o JN não as acuse de unilaterais.” Temos mesmo que nos esquecer disto, para não julgarmos que a utilização de humor à la Pinto da Costa serve apenas para disfarçar a ausência de resposta quanto à verdadeira questão que o JN levanta nesse tal parágrafo, a de que, de facto, a decisão de entregar o Rivoli foi autoritária e contrária a todas as regras do jogo democrático.

Esqueçamos ainda que Rui Rio decidiu ignorar todas as informações conhecidas sobre o número de pessoas presentes na manifestação e avançou com um número próprio.

Mas não nos esqueçamos que Rui Rio quer impedir determinados profissionais de terem e manifestarem opinião própria. A referência à presença do director do JN (DP) não pretende mais do que descredibilizar o JN em cada peça crítica do presidente da CMP. Mas, o tom doentio dessa referência e a divulgação de um vídeo que mostra a cara de DP e a sua mão com um R já são ir longe demais em termos de respeito pelo direito de reserva de cada um. DP estava lá e não se importava, decerto, de ser filmado. Talvez até nem se importe com o vídeo que Rio mandou colocar online. Mas eu importo-me. Cada um que veja o vídeo e que julgue por si.

Assim como me importo com o facto de a CMP se achar no direito de colocar em local público o email de dezenas de pessoas, apesar de isso até ser irrelevante para o ponto que tenta provar.

Mas o que me preocupa mesmo é que este senhor não está muito longe de ser primeiro ministro.

Vou vomitar e volto já.

Etiquetas:

Ocupa Sensibiliza Utiliza



Quem ainda não teve a oportunidade de ver os trabalhos do colectivo OSU (Ocupa Sensibiliza Utiliza), pode fazê-lo aqui acima.

De momento, ainda só está disponível o projecto OSU2003, o 2º trabalho do colectivo. Brevemente estará também disponível o primeiro projecto do colectivo, OSU2001.

Etiquetas:

2007-06-18

“Violência e Não-Violência”

O Espaço Musas – R. Bonjardim, 998, Porto – organiza, no próximo sábado, dia 23 de Junho, pelas 15h30, um debate com Mário Rui e José Maria Carvalho Ferreira, editores da revista anarquista “Utopia”, sob o tema do seu último número, “Violência e Não-Violência”.

No rescaldo das mobilizações anti-G8 na Alemanha, este debate parece-me extraordinariamente apropriado.

(A fachada do Espaço Musas dá para o cimo da Rua de Olivença, junto da estação do metro de Faria Guimarães, a meio caminho do Marquês e do Jornal de Notícias).

2007-06-17


Filme em cartaz no cinema Águia D'Ouro

O filme actualmente em cartaz no cinema Águia D'Ouro, condiz plenamente com o estado de total abandono em que se encontra o velho edifício em ruínas... mas também a acção cultural na cidade do Porto, muito especialmene a que diz respeito à autarquia portuense:

«NOITE NA TERRA »

O filme que se segue:

«E tudo o Rio levou!»

(nota: clicar em cima da fotografia para melhor apreciar os pormenores do filme em cartaz)

roubado de Pimenta Negra

Etiquetas: ,

As Mentiras de Rui Rio

Não há dúvida que Rui Rio tem sido hábil ao projectar no país uma imagem de desafio aos poderes fácticos da cidade do Porto. Porém, para quem acompanha a realidade política local, nada é mais falso. No que diz respeito à cultura, o discurso de menorização e asfixia dos agentes locais insere-se na hipotética ruptura com a «subsidiodependência» e de implosão de espectáculos que supostamente não têm públicos. Sucede que isso é contrário à verdade e é pena que algumas pessoas o aceitem sem confrontar os dados existentes. De resto, a cultura tem sido um autêntico bode expiatório para o atestado de óbito que a gestão de Rui Rio tem passado ao Porto. O urbanismo e a acção social, duas das suas bandeiras, são uma ficção. E quem vive no Porto nota a diferença dos últimos anos, com toda esta falta de dinamismo, de esperança, de mobilização.

Antes de mais, tudo começa por questão de opção política. É uma opção política investir ou não num pelouro da cultura forte, como aconteceu com Manuela Melo durante os executivos de Fernando Gomes, tal como é uma opção política investir em corridas de automóveis como um paradigma cultural com Rui Rio. Salvaguardar isso com critérios económicos é totalmente demagógico, porque as estatísticas dizem exactamente o oposto. E, para além disso, as valências de um equipamento como o Rivoli têm um papel fortíssimo no âmbito da formação de públicos e de pluralidade cultural que é mutilada com toda esta acidez populista.

As poucas estruturas culturais de vulto que permanecem na cidade só assim se mantêm porque estão no universo do Ministério da Cultura e não da CMP. Porque para além do Rivoli, certamente o mais mediático, recordo que a desconfiança -- a perseguição? -- de Rui Rio em relação à produção cultural da cidade já teve muitos outros episódios: o FantasPorto e a Feira do Livro do Porto ameaçaram uma transferência para Gaia, a direcção do FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica) anunciou que o festival deixará de ocorrer no Porto por bloqueios da autarquia, a Árvore denunciou a violação de acordos estabelecidos, a Seiva Trupe diz que a política da câmara para o Teatro do Campo Alegre provoca um subaproveitamento dos espaços e afasta as companhias por causa dos elevados preços do aluguer da sala, a Casa Cinema Manoel de Oliveira está estagnada e a placa identificadora na porta já foi retirada, vários galeristas de Miguel Bombarda já optam por Lisboa devido à ausência de uma política camarária para a zona e, de uma forma geral, a asfixia alastra a todos os sectores: a total incapacidade de articular qualquer acção consequente com a Universidade do Porto é simplesmente uma outra face da mesma moeda.

Mas vejamos a audiência do Rivoli e as mentiras da câmara. Segundo o Jornal de Notícias, entre 2001 e 2005, o teatro nunca teve menos de 126 mil espectadores. Ou seja, contrariamente à propaganda camarária, a média foi de 345 espectadores diários em 2002 e 500 em 2005: por dia, repito. Mais ainda, e citando o JN, ficamos a saber alguns dados por espectáculo:

«(...) Em Março de 2003, por exemplo, o Plástico apresentou a peça "XY", tendo obtido 461 espectadores em cinco sessões. A leitura do programa apresentado no período referido não permite demonstrar os propalados baixos níveis de audiência, mas revela que entrega do Rivoli a um único produtor implica a perda da diversidade cultural que, até então, foi ali apresentada.

A dança contemporânea perde o palco. Em 2003, a coreografia "Quebra-Nozes", do Centro de Dança do Porto, vendeu, em dois dias, 1710 bilhetes. O Novo Circo, referência do Rivoli, perde também o espaço. A companhia francesa "Compagnie du Singulier" ganhou uma plateia de 426 espectadores. No jazz, Chick Corea, que recentemente esgotou o auditório da Casa da Música, esteve há quatro anos no Teatro Municipal. Sobraram dois lugares. O FIMP, Festival de Marionetas, superou os mil bilhetes vendidos. (...)»
Mas mais interessante será constatar que os prejuízos do Rivoli vieram -- oh, pasmem-se só um pouco -- com Rui Rio. Os relatórios de contas existem para quem os queira consultar, o Manuel Jorge Marmelo já os noticiou na imprensa e importa salientar três pontos:

  1. Em 2002, já com Rio mas com um orçamento feito por Manuela Melo, o Rivoli teve quase um milhão de euros de resultado positivo.
  2. Entre 2001 e 2005, os resultados da bilheteira do Rivoli cresceram continuamente, não obstante o desinvestimento da autarquia.
  3. Rui Rio disse que ia «poupar» 10,9 milhões em quatro anos com a privatização do Rivoli mais os espectáculos patuscos do senhor La Féria. Acontece que esse valor corresponde ao total da verba atribuída à Culturporto em quatro anos (2001-2005), o que inclui não só o Rivoli como toda a animação da cidade. E esse dinheiro é agora transferido para a Porto Lazer, uma empresa que serviu para acomodar os seus correligionários certamente esquecidos na «moralização» das contas da autarquia.

Sobre este último ponto, aliás, relembro que quando Rio Rio criou a Porto Lazer afirmou que todas as pessoas da Culturporto transitiriam para a nova estrutura, «à excepção das que não gostam de trabalhar». Isto não só é inacreditável, como traduz toda a dimensão de um populista rasteiro. Rui Rio tem uma visão pequena e provinciana desta cidade e o vereador que está no pelouro da cultura -- alguém sabe dizer-me o nome sem consultar? -- deveria ter a dignidade para o extinguir. Para se extinguir. Porque de uma forma ou de outra, no meio das variedades em que a cultura do Porto tem vindo a transformar-se, já nos tentaram fazer passar por palhaços. É a vez deles.

Roubado de Kontratempos

Etiquetas: ,

2007-06-16

Novas Cantigas de Junho
5ª, 21 junho, 22h00 entrada livre

Concerto Lovers & Lollypops

Aquaparque
banda do Porto formada em Outubro de 2006 por Pedro Magina (voz, teclado e guitarra) e André Abel (percussão e loops), ambos ex-dAnCE DAMage (2003 – 2006). Disparam uma sonoridade sob o signo de artifícios meta-prog e reverência ao dub e suas descendências, ou seja, tocam sabendo de onde vêm mas não precisamente para onde vão. Não se enervam, são pela batida e pelo bronze da praia enquanto durar o verão e pelo retorno do eco.
myspace.com/aquaparque

Território
Duo de música improvisada constituído por Rafael Oliveira (electrónicas) e Tiago ferreira (mecânicas), assenta numa interacção livre na busca de uma massa sonora complexa, ora harmoniosa ora agressiva. Faixas longas e diferentes, todas nascem e morrem numa batalha de texturas e camadas.

Organiza: Lovers & Lollypops

Casa Viva
Praça Marquês de Pombal, 167 – Porto
(bate ao batente)

Etiquetas: ,

Vipes

José Queirós (JN)

Os fatinhos-e-gravatas e os trapinhos de soirée que na noite da última quinta-feira desfilaram sobre as passadeiras vermelhas de uma Praça D. João I interdita aos portuenses, exibindo todo o esplendor do seu glamour provinciano, são bem a expressão do estado actual do que muitos insistem em ver (e respeitar) como sendo as elites do Porto. Descontando já todas as cinhas e lilis que animam a nulidade em papel brilhante da imprensa do corazón paroquial, foi edificante observar como, entre os vipes e as vipes locais que se encaminhavam para a entrada de um Rivoli transformado em sucursal do Politeama/La Féria, face ao protesto silencioso dos cidadãos que não desistiram de se bater por um Rivoli/Teatro Municipal, se exibiam não poucos personagens que nos habituámos a ver encher a boca com declarações de amor ao desenvolvimento do Porto e do Norte, sem que alguma vez se disponham a dar um passo pela criação das condições políticas a isso indispensáveis, que trocam facilmente pelo conforto dos seus próprios interesses económicos, profissionais ou partidários.

São vipes, certamente, mas não são elite nenhuma. Fossem-no, e não se calariam nem se fariam cúmplices da entrega do teatro municipal, adquirido, recuperado e apetrechado com os dinheiros públicos da autarquia, a um empresário do music-hall a quem não falta uma rede de teatros comerciais onde procurar o lucro -e, se faltasse, bem podia a Câmara contribuir para que algumas das históricas salas de espectáculo da cidade, hoje fechadas ou degradadas, fossem recuperadas e postas ao serviço da tantas vezes proclamada, e tão pouco conseguida, intenção de reanimar a Baixa. Fossem-no, e não consentiriam em silêncio que o município, agindo em sentido contrário ao que se faz em qualquer cidade média nos países que nos habituámos a considerar civilizados (Portugal incluído), se demitisse de uma política cultural própria e pusesse em causa o que o Porto já começara a conquistar com o seu teatro municipal um lugar no mapa da criação cultural contemporânea e dos seus circuitos de itinerância, em domínios tão diversos como a dança e o teatro, a música erudita e o debate de ideias, a world music ou o novo circo. Nem aceitariam que, na passada, se pusessem em causa, com a ajuda de mentiras amplificadas na imprensa de Lisboa, os parcos apoios à divulgação do trabalho de novas gerações de artistas formados nas escolas da cidade, esses mesmos cujo profissionalismo e talento La Féria veio agora descobrir como quem descobre a pólvora. Não pactuariam, em suma, com a mesquinhez, a mediocridade e a demagogia populista.

Podem alguns dos vipes que pisaram a passadeira interdita aos portuenses continuar a afirmar o seu amor ao Porto, e haver quem acredite. Mas a elite possível da cidade, neste ano de 2007, essa vestia blusões e t-shirts e estava encostada às grades, à volta da praça privatizada, gritando "vergonha" aos cavalheiros e às damas que passavam.

Etiquetas: ,

2007-06-15

Contra a "morte" do Rivoli

O protesto reuniu, ontem, cerca de mil pessoas que cercaram o aparato montado para a estreia de Filipe La Féria

No Teatro Politeama, em Lisboa, as estreias das criações de Filipe La Féria são sempre assim um happening teatral e social, com passadeira vermelha e concentração de figuras mais ou menos mediáticas; transmissão exclusiva para a SIC e registo fotográfico para a revista "Caras" e vedações a separar os convidados VIP do público geral, a quem só é permitido aceder à peça mais tarde.

No Porto, o mesmo exercício aplicado pelo produtor ao Rivoli, com alteração integral da arquitectura decorativa da fachada do Teatro Municipal e da própria Praça D. João I, onde agora jaz uma cruz colossal e uma espécie de capela transparente, provoca animosidade. Tanto mais que a escolha do encenador para ocupar o equipamento - decidida unilateralmente pelo Executivo de Rui Rio num dos mais controversos processos de gestão cultural dos últimos anos - não colhe unanimidade. Ironicamente, ontem, na sessão inaugural e de gala do musical "Jesus Cristo Superstar", a cidade para quem La Féria diz estar a trabalhar, a convite da autarquia, ficou, literalmente, de fora.

E foi no exterior que perto de mil pessoas, com a letra "R" de Rivoli ao peito, ou na mão erguida, voltaram a manifestar-se contra a concessão de um equipamento público a um produtor privado. A manifestação pretendia ser silenciosa. Mas o princípio foi rompido quando Rui Rio irrompeu na passadeira vermelha, sendo vaiado com uma rajada de assobios. No fim dos 60 minutos estipulados para o silêncio - entre as 20.30 horas e as 21.30 horas - , os manifestantes gritaram durante vários minutos "Vergonha!"

José Luís Ferreira, do Teatro Nacional S. João, e um dos três porta-vozes da manifestação espontânea, explicou que a concentração nasceu "naturalmente da necessidade de recusar a morte do Rivoli". Esclareceu que seria silenciosa porque "o silêncio é, também, uma forma de comunicação atenta". No caso, acrescentou, "um silêncio oposto ao silêncio de comprometimento da Câmara" que, "num acto político desastroso", decidiu "amputar a cidade de um Teatro que deveria ser de acesso livre, pleno e plural à criação contemporânea". E não permitir que ele pudesse "transitar para a órbita de um outro tipo de prática, igualmente legítima, mas para a qual existem espaços na rede comercial de teatros".

A repulsa pelo silêncio da autarquia circulou num documento que foi entregue aos transeuntes. "Queremos dizer a Rui Rio (...) que, no presente caso, calar é mentir. Que as irregularidades no processo de mudança de gestão do Rivoli subsistem e que as vemos tanto mais ampliadas quanto a Câmara tenta escondê-las sob o véu de sucessivas e absurdas operações de charme".

Apesar de ter sido dito que a manifestação não pretendia ser uma "hostilização ao trabalho de La Féria, aos seus colaboradores e ao seu público", mas "um protesto contra a decisão da Câmara de entregar a exploração de um espaço público a uma entidade privada", João Teixeira Lopes, deputado do Bloco de Esquerda, insurgiu-se contra as declarações proferidas, anteontem, pelo encenador, quando este afirmou que só aceitaria a concessão do Teatro se este tivesse público.

"Insultou a cidade e os seus habitantes. Rompeu o acordo que fez com a Câmara, o que faz de Rui Rio um derrotado neste processo. Se tivesse dignidade, o autarca romperia com ele o acordo".

(retirado do JN)

A verdade é que conseguimos cercar toda a Praça D João I.


Entretanto, um protesto silencioso contra a atribuição do Teatro Rivoli, no Porto, ao encenador Filipe La Féria foi convocado para ontem em Lisboa, no Largo de Camões, “por solidariedade com o Porto”. A manifestação foi marcada para a mesma hora da do Porto, 20h30, hora marcada para a primeira apresentação no Rivoli do musical “Jesus Cristo Superstar”. “Não é uma manifestação anti-La Féria”, disse à Lusa Joana Gusmão, produtora de teatro portuense a residir em Lisboa e que ajudou a “espalhar a mensagem” do protesto na capital, via sms e e-mail, uma ideia que partiu do bailarino portuense João Costa. Trata-se – explicou – de “um protesto contra a atribuição a um director artístico de um teatro municipal que vai ser ocupado com uma programação exclusiva, quando antes estava aberto a uma programação variada de diversos grupos e projectos”. “O Porto tem pouquíssimos espaços artísticos e não se justifica esta situação”, disse.A ideia de estender o protesto a Lisboa “à última hora” era “chamar a atenção para este caso e também para a centralização, porque quando uma coisa se passa no Porto,parece que em Lisboa ninguém nota, não há comunicação entre as entidades artísticas das duas cidades”,sustentou Joana Gusmão. “A Câmara [Municipal do Porto] justificou a entrega da exploração do Rivoli a La Féria dizendo que o teatro estava vazio e isso é errado: estava cheio com um público jovem que antes não tinha o hábito de ir ao teatro”, sublinhou. “Disseram também que o teatro não dava dinheiro e eu acho que esse não pode ser o primeiro objectivo de um teatro municipal, que leve à entrega quase de mão-beijada a um empresário”, através de um concurso público “pouco transparente”, argumentou a produtora teatral portuense.

Para além disto, visitar também
Pimenta Negra

Arte&Manha

Etiquetas: ,

2007-06-11

Rir da Guerra, Ciclo de Cinema

3ª, 12 junho, 22h00 entrada livre ( 117' )

Casa Viva Praça do Marquês de Pombal, 167 - Porto
(bate ao batente)

Catch 22 de Mike Nichols (1970)
Artigo 22, uma sátira feroz da guerra, foi proibido em Portugal até 1974, o que não deixa de ser um sinal de alguma 'sensatez' da parte dos dirigentes fascistas que viram logo como este filme desmascarava o absurdo da guerra, a sua suposta inevitabilidade e a sua evidente inutilidade. Pelo menos para o seu propósito oficial, pois é neste filme também que vemos mais cruamente exposto o fim puramente economicista da guerra. Um filme onde tudo e todos andam em círculos, perdidos no tempo de uma guerra cujo fim é não acabar. Quando morre um adolescente, diz o capitão Yossarian que já era velho, pois ninguém fica mais velho que morto.

Próximos fimes do Ciclo

Terça-feira 19 de Junho
Dr Fígado (Japonês leg. português), de Shohei Imamura

Terça-feira 26 de Junho
Duck Soup (Inglês leg. português), dos Irmãos Marx

Terça-feira 3 de Julho
Sketch de O Sentido da Vida (Inglês leg. português), dos Monty Python
A Bomba (Inglês leg. francês), de Peter Watkins

Terça-feira 10 de Julho

Os Carabineiros (Francês leg. inglês), de Jean-Luc Godard

Terça-feira 17 de Julho
Curta metragem in 9.11 (Iraniano leg. português), de Samira Makhmalbaf
Kandahar (Iraniano leg. português), de Mohsen Makhmalbaf

programa sujeito a alterações

Etiquetas: ,

Censura em Portugal

Olá, amigos/as. Não vos peço que enviem este email a 30.000 pessoas, mas antes a 1 ou 2. Se o fizerem, este texto valerá a pena. É essencial que todos percebam o que se passou nesta última conferência dos G8, e a forma que a Comunicação Social arranjou para não passar a verdade Eu e milhares de outras pessoas estivemos lá, e a censura tenta por todos os meios apagar a nossa presença das páginas da História. Não conseguirão.

Primeiro que tudo, examinemos a nossa presunção de ter realizado algo que mereça estar nos futuros livros de história:

- Nós bloqueámos por terra e de forma efectiva os G8.
- Nós enfrentámos uma força policial e repressiva que se mostrou sempre brutal e que usou de toda a repressão e mentira para nos parar. Falamos de mais de 16.000 polícias, da maior operação policial de sempre na Alemanha para impedir que milhares de pessoas demonstrassem o seu desagrado para com uma organização que é apenas o rosto da política criminosa que hoje domina o mundo.
- Juntámos centenas de organizações e de opiniões diferentes e mais uma vez (este é um movimento que continua a crescer) juntámo-nos todos contra um inimigo comum.
- Nós fomos pacíficos até aos limites da nossa resistência. Pelo contrário, a TV passou uma imagem de manifestantes violentos que pouco ou nada teve a ver com a realidade.

Cacetetes, que vinham juntos com as armaduras policiais, murros, ofensas verbais, gás lacrimogéneo, gás pimenta, cargas a cavalo, cães polícia, helicópteros que nos sobrevoaram 24 por 24 horas (ruído incessante), ameaças veladas, prisões não autorizadas, abusos de poder e todo o tipo de inconstitucionalidades. Tudo isto para além da censura e desinformação da comunicação social, que nos apelidaram de terroristas, jovens agressores, black bloc, jovens de negro, etc etc etc.

Todas as comitivas tiveram que ir de Helicópteros militares de transporte e algumas de lancha. Ao fim do segundo dia de bloqueios, comitivas dos G8 ainda voltavam para trás, para o aeroporto e hotel, impossibilitadas de chegar àquela área-prisão que se tornou Heiligendamm.

Os nossos bloqueios foram pacíficos. Sempre que éramos violentamente expulsos pela polícia, voltávamos à estrada e fizémo-lo vezes sem conta até a polícia começar a desistir, a deixar-nos em paz. Instalámo-nos nas entradas daquela prisão e lá ficámos. Gritámos "Block G8!", "This is What Democracy Looks Like!", "A, Anti-Capitalista!" entre outros.
Ao fim de dois dias, a polícia vestida em armaduras tiradas da idade média, já não conseguia correr atrás de nós. Os homens dentro dessas armaduras suavam e desejavam voltar para casa. Estavam cansados de bater, de empurrar, de estar de pé sob o sol escaldante desses 2 dias - Nós não.

Que notícias ouviram em Portugal? Que notícias o mundo para além da Alemanha terá ouvido? Alguém sabe o que se passou, para além das 100 ou 200 pessoas que tiveram a coragem de pegar em pedras para evitar que os 80.000 fossem esmagados por uma carga policial, que não escolhia alvos?

Já repararam que na nossa comunicação social, poucas notícias passaram acerca da própria cimeira?
Futebol, criancinha raptada, mais futebol, noticiários de 1h15, jornais "independentes" - uma fachada de censura e desinformação.

Agora nós estamos preparados.
Agora estamos por todo o lado.

Aqui fica uma lista de sites com vídeos, textos e fotos do que realmente aconteceu.

http://de.indymedia.org
http://de.indymedia.org/ticker/en
http://pt.indymedia.org

Estamos a ganhar.

Activistas do Indymedia Português

Etiquetas:

2007-06-10


Estamos em todo o lado e estamos a ganhar!

Como tinha avisado, não tive tempo para um acompanhamento decente dos últimos dias da contestação ao G8. No entanto, como também já tinha dito, o Indymedia português fez um excelente trabalho e permitiu que a preguiça e a falta de tempo de uns não estragasse a vontade de ter fontes alternativas de notícias sobre as mobilizações contra o G8 na Alemanha. Ou seja, permitiu-nos saber o que aconteceu, minuto a minuto, no dia 7 e 8 (1, 2, e 3).


Para além disso, presenteou-nos ainda com uma reportagem feita na primeira pessoa por um dos que se levantaram para marchar durante horas com o intuito de impedir o G8 de decidir mais barbaridades.

Não nos esqueçamos também da primeira experiência de rádio online portuguesa orientada para os protestos e que deverá continuar como instrumento de divulgação do pensamento e das actividades libertárias. Nesta rádio, encontrarás notícias, entrevistas e análises sobre os acontecimentos na Alemanha, num registo áudio sem precedentes.

Para ambos os colectivos, os meus parabéns, extensíveis a quem, em Lisboa e no Porto, não deixou de se mobilizar e tentar, a milhares de quilómetros de distância, fazer a diferença.

Espero que este blog tenha também contribuído para furar a censura mediática que pretende impedir que se saiba que 10,000 pessoas conseguiram, pacifica e efectivamente, bloquear a cimeira dos G8 por terra, contra uma força brutal e selvagem de 16.000 polícias e de milhões e milhões de euros em material para os agredir.

Porque a verdade é que os bloqueios, que começaram quando centenas de delegados ao G8 chegavam à Alemanha, conseguiram realmente impedir a chegada de alguns às instalações da cimeira em Heiligendamm. Os manifestantes bloquearam a maioria das estradas, entrando na zona de manifestação proibida perto da barreira metálica com que se protegiam os poderosos. Apesar da maior operação de segurança alemã desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a organização do G8 teve que apelar a um “Plano B” para levar delegados à cimeira do G8, utilizando barcos ou helicópteros.

As delegações foram, entretanto, embora. Os manifestantes também começaram a voltar a casa. Mas, da mesma forma, que os donos do mundo continuarão a congeminar para fortalecer o seu domínio, os contestatários terão que voltar às suas lutas quotidianas por um mundo diferente.

Etiquetas:

2007-06-07

O final do 1º dia de bloqueios

O dia 6 de Junho assistiu ao bloqueio de todas as principais estradas que vão para Heiligendamm. Durante todo o dia, vários grupos organizaram-se para fechar o acesso às “instalações” do G8. As tácticas variaram, desde sentar no chão até à construção de barricadas. Apesar da utilizaçãode canhões de água, polícia a cavalo e helicópteros, a polícia não conseguiu impedir que muita gente conseguisse fazer bloqueios na faixa exterior à cerca onde era proibido haver protestos. Uma imagem verdadeira do que aconteceu hoje ainda está a ser construída. Vai acompanhando a coisa ao minuto.

Fotos 1, 2 3.

21:00
A situação no Acampamento e Rostock parece mais calma, agora que há carros da polícia a ir embora. Entretanto, a calma também parece ter voltado ao bloqueio de Boergerende, onde ainda resistem cerca de 1500 pessoas. Para além disso, há ainda mais cerca de 1000 junto ao portão 2 da vedação

22:00
As cerca de 1000 pessoas que estão junto ao portão 2 da vedação estão sentadas e preparam-se para passar a noite.

22:15
Houve cerca de 200 detenções durante o dia de hoje, 60-70 das quais num parque de estacionamento perto do aeroporto Rostock Laage. Dois advogados tentaram aproximar-se mas foram avisados que, se tentassem de novo, seriam detidos. Nos centros de detenção de Ulmen e da rua Industrie, os advogados foram expulsos da sala dos advogados.

23:00
Todos os bloqueios que ainda se mantêm decidiram passar a noite. Em Boergerende há cerca de 600 pessoas; mais ou menos 120 entre Nienhagen e Rethwisch; e perto de 500 no portão leste, perto de Bad Doberan.

Etiquetas:

2007-06-06

06 de Junho – O 1º dia de bloqueios ao minuto

(até às 20h30)


09:00
As pessoas começaram a deixar os acampamentos e dirigem-se a diferentes pontos de bloqueio. Três autocarros são parados e revistados pela polícia na estrada B105 perto de Sievershagen. A situação ainda é calma.

09:30
Cerca de 300 pessoas juntaram-se num campo perto de Admannshagen (cerca de uma milha a norte da estrada B105). A polícia está a revistar as pessoas que se aproximam do local mas deixam-nos passar. Ambiente relaxado no nó Bargeshagen (105). A polícia controla a estrada na direcção Admannshagen.

10:00
Cerca de 5000 pessoas de Reddelich, principalmente do Block G8, chegaram à zona de manifestação proibida perto da vila de Brodhagen. Um sistema de som também já chegou. Estão agora a atravessar os campos a tentar passar as linhas policiais. 8 helicópteros sobrevoam o local.

10:00
Os campistas deixaram o Acampamento de Wichmannsdorf. Não se vê muita policia por perto.

10:30
Aproximadamente 1500 pessoas estão agora na marcha em Admannshagen. O ambiente é bom. As pessoas do Campo Wichmannsdorf saíram. Quase nenhuma polícia.

10:50

Mais de 2000 pessoas junto de Admannshagen estão a sair através dos campos em direcção à zona de manifestação proibida. A polícia parece um pouco dispersa. Cerca de 30 veículos foram parados na estrada em direcção a Rostock Laage, ao quilómetro 96,5.

11:30
Evershagen: Como em muitos outros locais, ambas as entradas no Centro de Convergência de Evershagen estão bloqueadas por duas carrinhas da polícia cada uma. As pessoas que entram e saem estão a ser revistadas e os seus nomes e fotos comparados com ficheiros de perfil da polícia de dias anteriores.

12:00
Cerca de 2,000 pessoas nos campos perto de Admanshagen estão a ser perseguidas e confrontadas pela polícia, que começou a usar canhões de água e gás lacrimogénio. Algumas pessoas afectadas pelo gás estão a ser tratadas por médicos. A polícia recusa-se a falar com quem quer que seja, incluindo legal teams e organizadores. Alguns helicópteros estão ainda a sobrevoar a zona. Entretanto, a estrada B105 está ainda bloqueada pela polícia.

12:15
Veículos oficias das delegações estão na estrada de Lichtenhagen via Elmenhorst em direcção a Nienhagen.

12:15
Algumas pessoas conseguiram passar as barreiras policiais. A polícia está agora a recuar gradualmente para os apanhar.

12:55
Os organizadores dizem haver mais de 10000 pessoas a bloquear o G8. Mais de 5.000 “estacionaram” directamente em frente à porta 2 da Vedação em Bad Doberan controlado pela polícia. Seis helicópteros largaram 100 polícias em frente ao bloqueio.

13:30
A grande manifestação na Porta 2 da Vedação parece calma, apesar da presença de um largo número de polícias. Os manifestantes dizem que a maior parte das estradas foram bloqueadas, tanto por manifestantes como pela polícia, à excepção de uma pequena estrada pela qual se diz que alguns delegados terão “passado clandestinamente”.

13:30
O bloqueio de Admannshagen atravessou com sucesso as barreiras da polícia, e mais de 500 pessoas estão a caminho do 'Küstenstrasse'. Na Porta Leste (2), os manifestantes começaram a desmantelar o arame farpado.

13:40
As cerca de 200 pessoas que bloqueiam Doberanstr. perto de Rethwisch estão a ser removidas á força para a beira da estrada. Há uma grande presença policial, acompanhada por canhões de água. Não há relato de detenções.

13:45
Hoje o Tribunal Federal Constitucional confirmou a proibição completa de manifestações contra o G8. A aliança “Star March” (uma marcha que partiria desde diferentes locais até um local de destino) não vai tentar legalizar mais eventos. Um porta-voz disse: “Nós não nos consideramos responsáveis pelo decurso dos eventos nas acções e manifestações. O caminho democrático foi-nos fechado.”

14:15
Porta 2 (Bad Doberan): polícia está a remover os cerca de 50 activistas que estavam sentados em frente à porta, para uma distância de cerca de 300 metros, onde se encontra um grande grupo de manifestantes.

14:35
Um bloqueio na auto-estrada A19 foi terminado brutalmente. Cerca de 60 pessoas foram detidas.

14:50
Os quatro bloqueios/marchas legais à volta do aeroporto de Rostock-Laage airport terminaram. O número de manifestantes foi quase ultrapassado pela polícia, acompanhada por um exército em veículos armados.

14:55
Mais de 2000 pessoas estão ainda no bloqueio da estrada de Boergerende-Rethwitsch. A polícia ocupou os cruzamentos depois de Rethwitsch que conduzem a Bad Doberan e Boergerende-Rethwitsch.

16:15
À excepção de cerca de 30 clowns e 30 polícias que se enfrentam a cerca de 200 metros de distância da cerca, tudo parece estar calmo.

16:15
De momento cerca de 2000 pessoas estão no bloqueio em Rethwisch. Estão espalhadas por mais ou menos 1km. O ambiente é relaxado. Chegaram reforços de água mas a comida é extraviada pelos polícias em Admannshagen.

16:25
A polícia trouxe dois canhões de água e um tanque “de varrer” para a Porta II. O ambiente é muito tenso e o bloqueio está a recuar lentamente.

16:50
Os clowns na Porta Oeste em Hinter Bollhagen foram cercados por um Snatch Squad de uniforme preto durante um bocado. Depois foram mandados abandonar o local ou seriam presos e foram escoltados até Kühlungsborn. A Porta Oeste está agora deserta.

17:30
Cerca de 1000 pessoas estão a caminhar ao longo da cerca em direcção a Hinter Bollhagen.

18:35
Hinter Bollhagen: Um bloqueio pacífico com toda a gente sentada no chão perto da Porta I da cerca, com aproximadamente 100 participantes, está a ser brutalmente disperso pela polícia. Um canhão de água está a ser usado e há relatos de que os polícias estão a espancar pessoas.

19h15

O bloqueio sentado em Hinter Bollhagen, perto do portão 1 foi dissolvido à força pela polícia. Os manifestantes estão a retirar, alguns feridos por bastões e gás pimenta.

19h25
A situação no bloqueio de Boergerende ficou mais tensa. A polícia está a tentar cercar o protesto, utilizando bastões. No entanto, cerca de 1500-2000 pessoas mantêm o bloqueio. Houve pelo menos uma detenção.

19h50
Portão 2, Galopprennbahn (perto de Bad Doberan): vários milhares de pessoas ainda estão no bloqueio. A situação é relativamente calma e pacífica, mas a polícia, em unidades de 100, tem carregado e voltado a retirar de vez em quando. Ainda não houve confrontação nem detenções.

19h55
Cerca de 100 carros da polícia e dois canhões de água estão à porta do Acampamento Rostock. Aparentemente, há 100 polícias perto do Barrio Hedonista e outrs 400 a cercar o Acampamento. Não há notícia de confrontos.

20h30
Acampamento de Rostock: A polícia ainda tem forças à volta do Acampamento. Há equipas legais presentes e está-se em fase de negociações. A polícia quer revistar o Acampamento, mas não tem um mandato.

Etiquetas:

6 de Junho - Começaram os Bloqueios ao G8

Milhares de pessoas deixaram o Acampamento de Reddelich de manhã cedo para participarem no primeiro dia de bloqueios contra a cimeira do G8. O grupo principal, constituído por mais de 5,000 pessoas, avançou em direcção à barreira metálica através dos campos e de estradas rurais. Houve também grupos de de afinidade, mais pequenos, também se dirigiram para a barreira que defende os senhores do G8 em Heiligendamm.

O bloqueio principal conseguiu entrar bem dentro da zona de “não protesto” e ocupou com sucesso a estrada principal que vem da cidade de Bad Doberan.

Na altura em que recebi esta infoamção, o bloqueio ainda estava a decorrer e o número de aderentes não parava de aumentar, nomeadamente com a malta que voltava dum outro bloqueio, este a um aeroporto na vizinhança.

A polícia está a trazer canhões de água e pequenos tanques, mas os manifestantes mantém-se unidos e pretendem passar lá a noite.

Etiquetas:

O CMI Português em Rostock

O Indymedia português tem gente na mobilização anti-G8 em Rostock. Para já, um excelente texto sobre "O(s) Movimento(s)".

Isto para além, claro da tradução do timeline que decidiram traduzir e que me poupará trabalho de hoje em diante, altura a partir da qual, aliás, passo a ter menos tempo para o tipo de acompanhamento que tenho feito do assunto.

Por isso, já sabes... se, por aqui, não vires novidades sobre a luta contra o G8, encontrá-las-ás nas notícias do CMI-pt.

Etiquetas:

Rádio G8 a Bombar

A rádio G8 passou de experiência a realidade. A partir de agora podem encontrar mais noticias, entrevistas e musica no stream ou no blog .

Na segunda edição do boletim G8 temos entrevistas com um refugiado Africano e 3 activistas de media que explicam um pouco sobre o ambiente que se viveu no norte da Alemanha no dia 4 de Junho. Temos tambem o primeiro boletim de hoje, com detalhes dos 4 bloqueios ao primeiro dia da cimeira (O stream repete-se 24 horas por dia, se apanhares noticias antigas que ja ouviste, espera dois minutos e aparecem logo as novas)

Se quiseres participar com noticias, comentários ou fotos contacta-nos no radiog8radiolibertaria@gmail.com .

Estamos neste momento a espera de mais noticias e gravações, directas da Alemanha, sobre o dia de hoje. Mais la para a noite esperamos poder trasnmiti-las

Esta feito tambem um foto-diário sobre os protestos.

Etiquetas:


05.06.2007 – Flashes da Contestação ao G8
(no dia de acção contra a guerra, a tortura e o militarismo)

06:30
A Kavala (departamento da polícia especial G8) proibiu todos os eventos de quinta-feira, incluindo aqueles que seriam fora das zonas proibidas I e II, que a coligação Star March tinha registado como "eventos de substituição". Uma proibição completa deverá ser confirmada pelo Tribunal Federal Constitucional mais tarde no dia de hoje.

11:40
Uma acção à Vedação de Segurança em Vorder Bollhagen, para comemorar o 40º aniversário da guerra de 1967 e a ocupação Israelita de terras Palestinianas e um protesto contra o muro do apartheid, foi cancelado porque os organizadores se recusaramm a ser escoltados pela polícia e porque as condições da polícia restringiram o número de participantes a 15 pessoas.

12:00
Depois de cancelarem o protesto de Israel na Vedação de Segurança em Vorder Bollhagen, muitos manifestantes foram juntar-se à acção anti-Catterpillar em Carl-Hopp Str.. A Catterpillar é uma empresa que fabrica bulldozers usados pelo exército israelita para demolir casas e terras palestinianas. Outros foram juntar-se à manifestação anti-militarista em Warnemünde.

12:50
Rostock: Um alemão foi condenado a 10 meses de prisão esta manhã num julgamento. As acusações foram de agressão física grave e violação da paz. Foi libertado sob fiança e está a caminho de casa.

13:00
Rostock: A manifestação anti-mlitarista em Warnemünde começou com cerca de 500 participantes, mas as pessoas ainda não estão em marcha. A polícia restringiu a manifestação a uma faixa da estrada. Na estação de comboios, a polícia está a parar as pessoas que chegam, a revistá-las e a pedir-lhes os seus dados pessoais.

14:00
Rostock-Warnemünde: a manifestação anti-militarista chegou ao final na estação de Metro, com 1500-2000 participantes. O ambiente é bom; há muitos discursos e a polícia está a alguma distância da manifestação.

14:00
Rostock: A manifestação convocada na Hanse-Kaserne foi cancelada pelos organizadores. Cerca de 50 pessoas tinham estado à espera durante cerca de uma hora. A polícia estava presente com dois canhões de água.

14:00
Acampamento de Rostock: Por volta das 2h da madrugada, várias pessoas da Segurança do Acampamento foram paradas e revistadas pela polícia durante cerca de duas horas. Os seus walkie-talkies foram confiscados por suspeição de planeamento de ofenças criminais. Os visados fora forçados a mascarar-se para serem fotografados.

14:30
Rostock: No final da manifestação de ontem da migração, alguns clowns estavam a gozar com os polícias usando, entre outras coisas, pistolas de água. A certa altura, um polícia "confiscou" uma pistola de água, e enquanto a transportava foi alvo de muitos fotógrafos da comunicação social. Mais tarde, Spiegel publicou uma estória de que oito polícias foram afectados por químicos usados pelos clowns. Mais tarde editaram a estória no seu website para dizer que a polícia está a acusar os clowns disso.

14:50
Rostock: A manifestação anti-militarista em Warnemünde terminou.

17:00
Carros 'suspeitos' que iam de Rostock para o aeroporto de Rostock-Laage estão a ser desviados pela polícia para um estacionamento fora da estrada para serem revistados e os dados dos passageiros recolhidos. O 'Autocarro dos Media de Amsterdão' foi parado há pouco e as pessoas estão a ser revistadas e filmadas uma a uma. Nas estações de comboios, as operações policiais estão a aumentar. Um grupo de cerca de 100 manifestantes está preso na estação de autocarros de Schwaan, onde os autocarros normalmente passam para o aeroporto, mas os autocarros não estão a parar agora nessa paragem. Alguns deles já deram a sua identificação a cerca de 50 polícias.

17:00
Rostock: O Cimeira Alternativa ao G8 acabou de começar.

18:00
Weitendorf: Altifalantes estão a informar as pessoas da situação. A manifestação irá começar assim que todos tenham chegado e é suposto continuar até que Bush saia de helicóptero. Uma "cozinha" está a oferecer uma boa sopa, uma banda de tambores está a tocar free jazz e o ambiente parece bom, no geral. Há também muita comunicação social.

18:00
Weitendorf: Cerca de 1000 manifestantes já chegaram à área designada para a manifestação. Um autocarro do acampamento de Rostock está neste momento a parar num estacionamento na estrada e está a ser revistado pela polícia. Outro autocarro foi parado e, depois de ter sido revistado e filmado, as pessoas foram escoltadas pela polícia até à manifestação. Cerca de metade das perto de 250 pessoas que estavam presas em Schwaan à espera do serviço de transporte, já chegaram. A polícia parece estar a aguentar-se até agora e membros da polícia de "equipas de deescalação" de Berlim estão presentes. A manifestação está a acontecer de acordo com as condições propostas pelo Tribunal Superior Administrativo.

18:50
Pelo menos seis pessoas foram detidas até agora na estação de Schwaan, uma delas sabe-se ser de nacionalidade polaca.

19:05
Weitendorf: George Bush aterrou em Rostock Laage. Slogans como "George Bush - terrorista" ouvem-se cada vez mais alto.

19:10
Acampamento de Wichmannsdorf: Uma manifestação anti-repressão saiu há pouco do Acampamento de Wichmannsdorf e dirige-se ao principal centro de imprensa de ARD em Kühlungsborn. Os cerca de 150 manifestantes foram parados pela police nos arredores de Kühlungsborn e podem não avançar mais. Uma conferência de imprensa deverá ter lugar neste momento e não deverá ser incomodada pelo protesto.

19:15
Weitendorf: Seis helicópteros acabaram de deixar o aeroporto de Rostock Laage todos juntos. Provavelmente George W. Bush voava num deles para Heiligendamm.

20:30
Schwaan, 20:00: Foram confirmadas oito detenções feitas hoje na estação de Schwaan e não seis, todas sob a Lei da Prevenção Criminal.

20:40
Weitendorf: Um dos autocarros parados pela polícia na estrada foi deixado sair e está agora a voltar para trás.

20:55
Kühlungsborn: A manifestação anti-repressão tem agora 1000 participantes. Chegaram a Kühlungsborn e agora querem dar as "boas vindas" simbólicas a Bush.

21:50
Kühlungsborn: A manif contra a repressão terminou no Mar Báltico. A polícia não conseguiu impedir os manifestantes de continuarem a sua marcha até à praia, muito por causa dos palhaços que dançam por entre as linhas policiais.

Etiquetas:

G8 - Relato pessoal dos confrontos de 2 de Junho

O que era para ser apenas uma marcha conjunta (a primeira), pacífica, de todas as pessoas presentes até ao momento em Rostock e arredores, depressa se tornou numa batalha campal.

O ponto de encontro era a estação de comboios central de Rostock. Era já nossa conhecida a dificuldade de protesto por ausência de espaços suficientes para o fazer. Os que existem não são suficientemente grandes para conter os milhares de pessoas que querem protestar contra a aberração G8 (esperteza da polícia ou, pelo menos, de quem organizou a defesa neste G8), os acampamentos estão limitados a um número ridículo de pessoas, tendo em conta as muitas mais que ainda vêm a caminho, e os espaços que podem conter manifestações, protestos e afins são propriedade privada.

Voltando à nossa primeira marcha: (por volta das 14h00, vide timeline)

As multidões, única forma de descrever a quantidade de gente que se ia reunindo na estação, iam-se acumulando cada vez mais, e em breve éramos tantos que o tamanho da manifestação era já de perder de vista. Estavam pessoas à espera já no ponto de encontro, do outro lado da estação, a sair da mesma a passo de caracol - demasiada gente para um espaço tao apertado. Enquanto as pessoas chegavam iam discursando, num palco montado para o efeito, elementos de diversas organizações (ex: Via Campesina). Os discursos em português, italiano, espanhol e inglês eram traduzidos para alemão, e os discursos em alemão traduzidos para inglês.

A polícia estava presente, claro. Característica da polícia neste G8: presença absoluta e com a vontade de ser ameaçadora.
Desde a nossa chegada a Rostock no primeiro dia até agora, o esforço dos "nossos amigos" foi de intimidar. Talvez tenha sido a sua grande vitória, pelo menos nos primeiros dias.

Os helicópteros que sobrevoavam (e sobrevoam - tudo isto esta a acontecer) os acampamentos estavam agora por cima do nosso ponto de encontro: dois parados no ar, a fazer sabe-se lá o quê. A sua presença do início, embora um tanto ou quanto estranha ou mesmo, para alguns, ameaçadora, era agora para quase todos pouco mais do que um aborrecimento, ou mesmo um evento indiferente.
Segundo alguns manifestantes a bófia estava a tentar passar a imagem de omnipresença, quando o que está a conseguir é passar uma outra - de impotência. Impotência quando nos juntamos e dizemos "não" à policia e à sua suposta autoridade.

De notar que, de início, nos acampamentos, havíamos sentido uma certa desconfiança entre as pessoas que nele habitavam, mas agora, aqui, no meio do protesto, reinava um clima de felicidade e de força na união de tantas vontades e de tantas opiniões. Era uma festa - uma festa um tanto ou quanto silenciosa (para aquela ideia que nós temos de festa), mas ainda assim, uma festa.
Esse tanto surpreendeu-nos: mesmo durante os confrontos que se seguiram, nunca houve muito ruído (gritos ou outros...). O comentário de um dos elementos de uma "comitiva" portuguesa expressa isso mesmo: "'tá tudo tão calado!", "até na última manif do 25 de Abril fizemos mais barulho!"

Uma nota: a impossibilidade óbvia de contarmos quantas pessoas estavam presentes torna impossível avançarmos com um número, mas as 25.000 pessoas a que se refere a polícia é um número ridículo. Estariam de facto qualquer coisa mais próxima (para baixo ou para cima) dos 80.000 manifestantes indicados pelo Indymedia.

O nosso grupo foi marchando atraves da cidade e, passado pouco tempo, encontrámos pessoas amigas. O nosso grupo de afinidade passou assim de 4 para 10 pessoas. O nome do nosso grupo é até digno de nota, mas como tudo isto ainda está a acontecer, ... fica para depois.

Fomos avançando no "cortejo" até passarmos a caminhar lado a lado com um (ou mais, difícil dizer) grupo bastante grande - um dos grupos dos tais miúdos vestidos de negro, a que a comunicação social chama "black bloc". A verdade é que um bloc nao é um grupo, mas sim uma táctica utilizada por diversos grupos, o que torna a definição um tanto ou quanto ridícula. De qualquer forma, e para efeitos de situar quem lê, chamaremos a estes grupos mais ou menos organizados de "black bloc". É importante a nossa observação dos eventos tal como eles se desenrolaram, nem que seja para mostrar as mentiras da TV e jornais. Se estamos neste momento a escrever este artigo, isso talvez se deva à existência desses "terríveis black blocs".

Durante toda a marcha, elementos vestidos de negro, com a cara tapada, caminhavam ao lado da marcha, para trás e para diante. Fizeram-no para nossa segurança, para vigiar possíveis ataques da polícia (à paisana ou não).

Nota: o nosso sentimento de insegurança desde que aqui chegámos e inenarrável, mas esse sentimento jamais teve algo a ver com a presença desses miúdos ou de qualquer outro grupo. Foi a polícia em armadura de combate, um pouco por toda a cidade e com os olhos a irradiar ódio, que realmente nos assustou de início. Agora sabemos que o poder deles reside no medo que conseguem incutir em nós - em parte, esta guerra está ganha.

Precisamos de polícia para quê, mesmo?

A dada altura do protesto, tivemos que passar debaixo de um viaduto. A polícia tinha alguns elementos na estrada que passa em cima do viaduto e estava a filmar a manifestação. Até então, a grande maioria das pessoas estava de cara descoberta (sim, mesmo a maior parte dos miúdos do bloc... os únicos que estavam uniformemente de cara tapada eram os exércitos de clowns que desfilavam connosco). A partir desse momento passou a ser visão comum as pessoas de cara tapada com lenços, cachecóis, t-shirts, ... Também nós o fizemos - proibição ou não, não autorizamos que nos filmem.


Nota: é de extrema importância referir que quem liderava o cortejo não eram esses grupos de miúdos vestidos de negro, mas sim um sindicato ou um partido (não conseguimos perceber, e na altura não nos pareceu importante - lição aprendida) cuja cor principal nas bandeiras e t-shirts era o amarelo. A acompanhar esse(s) grande(s) grupo(s) estava um camião que ia passando música, mensagens diversas e mandava fumo e bolhas de sabão para continuar a festa. O bloc estava imediatamente atrás mas a umas boas dezenas de metros da frente deste cortejo.

Ao chegarmos ao porto (14h50), o grupo da frente (aparentemente) decidiu entrar na cidade, subindo uma das ruas perpendiculares à rua do porto onde estávamos. A polícia, que estava presente, claro, ordenou que as pessoas retirassem (embora isto não seja claro: não podemos assegurar que a polícia não tenha pura e simplesmente decidido carregar...). Esse grupo fronteiro continuou a avançar e a polícia carregou em força e à bastonada. A imagem dessa carga policial é visível na capa do jornal alemao Der Tagesspiegel, do dia 3 de Junho de 2007. Aconselhemos a que todos dêem uma vista de olhos a essa imagem do início dos confrontos - tentaremos fazer um scan da mesma o mais brevemente possível. Damos 5 € a quem identificar o terrível black bloc no meio dos confrontos - quem for capaz de ignorar os homens, mulheres e jovens a ser atacados, apenas se defendendo com as suas bandeiras e faixas.

O black bloc não poderia estar com essas pessoas pois estava connosco e em peso, entre 30 e 50 metros de distância do foco do conflito.

A carga policial começou por volta das 15h00 (talvez uns minutos antes) e só nos apercebemos de que de facto havia um ataque da polícia quando as pessoas dentro do camião gritaram aos microfones em alemão, inglês e espanhol que estávamos a ser atacados. Quando chegou a tradução em espanhol já a polícia estava quase em cima de nós.

O bloc (pronto, chamemos-lhe assim) imediatamente formou uma série de correntes, fazendo as pessoas dar os braços entre si - uma barreira para impedir a polícia de avançar, e mesmo os manifestantes que pudessem entrar em pânico (um pânico generalizado poderá ser infinitamente pior que uma carga policial). Eles assumiram a defesa de todos os manifestantes e ficaram entre a polícia e o resto do protesto. Antes dos grupos mais à frente conseguirem retirar vimos uma série de objectos a voar, para além das bandeiras atrás referidas, mas não conseguimos perceber muito bem quais. É de referir que não houve nenhum ataque de pedras até esse momento - ninguém estava a espera do ataque da polícia, ninguém se tinha preparado para uma guerra, o nosso protesto era pacífico. Só a polícia estava preparada, só ela queria o confronto.

Se é confronto que querem...

Quando demos por nós, estavamos junto ao camião. Seríamos entre 30 e 60 pessoas, com elementos do bloc no exterior do nosso círculo para nos defender. Não estávamos preparados para o ataque e assim, a frágil barreira humana facilmente cedeu à carga policial, primeiro do lado esquerdo do camião e em seguida do lado direito, o lado do porto. Nessa altura estávamos à espera de ser presos, ou pelo menos de receber tratamento semelhante aos da frente. Numa tentativa de nos safarmos, tentámos fugir - o bloc não deixou e ainda bem. Em breve estávamos mesmo completamente cercados pela polícia.
Antes que a polícia pensasse sequer no que fazer, os rapazes de negro e outros manifestantes contra-atacaram em força: praticamente sem armas do lado esquerdo e atrás de nós, e do lado direito com o que conseguiam encontrar (tudo o que estava no porto servia).
O ataque deu bom resultado - da direita a polícia retirou de forma mais ou menos ordenada enquanto que os da esquerda limitaram-se a fugir e a formar mais atrás. Essa foi a oportunidade por que esperávamos e fugimos em pequenos grupos para o pé dos restantes manifestantes.

Nota: relembramos mais uma vez: quase nao se viam pedras no ar. Até esse momento, os objectos que eram atirados eram também os primeiros que os manifestantes viam.

Reparámos que nesse momento, mais de metade dos manifestantes estava em fuga, uma parte estava a regressar à frente de combate e uma outra, maioritariamente as tais pessoas de negro, a combater a polícia. É certo, mais que certo que se essas pessoas de negro não estivessem presentes, a polícia ter-se-ia limitado a abusar da lei do bastão, espancando tudo o que visse à frente.

O bloc começou então a partir uma secção do chão e do passeio de uma das ruas e a recolher as pedras e lajes que ficavam soltas. Com essas pedras começou então o seu contra-ataque, desta vez muito mais organizado. Isto foi muito depois da carga policial!

Olhámos para trás e, para nossa felicidade, o grande grupo de manifestantes que havia fugido estava agora a regressar, lentamente mas - estava a regressar.

Nota: a polícia usava a chamada armadura corporal, capacete e bastão. Mais tarde veio a utilizar gás-pimenta e canhões de água, mas tanto quanto sabemos, não fez uso dos conhecidos escudos.

A batalha continuou com diversos avanços e recuos e, sempre que possível, os manifestantes recuavam caminhando ao invés de correr, o que dava coragem a muitos, mostrando que essas pessoas não estavam em pânico. Ainda assim, como era inevitável o pânico existiu e nem sempre foi possível retirar com calma ou de forma controlada. O que queríamos demonstrar era o nosso direito de estar naquele porto, naquela cidade, e retirar o direito à polícia de simplesmente invadir o nosso espaço e amedrontar-nos.

A multidão que regressou para o campo de batalha retribuiu dessa maneira o serviço que o bloc lhe havia prestado: 3000 miúdos vestidos de negro e a atirar pedras nada são quando isolados e perante vários milhares de polícias sedentos de sangue. O mesmo já não se passa quando 50.000 pessoas unidas fazem frente à polícia. A importância de, independentemente de partidos ou de ideais, caminharmos juntos e lutarmos juntos é fundamental.

Em parte (uma parte muito importante) a estratégia dos bófias falhou. O combate acabou por durar algumas horas.
Teremos perdido esta batalha? Teremos ganho?

Se é uma vitória para a polícia impedir-nos de entrarmos na cidade, então sim, perdemos.
Mas...
Se é uma vitoria correr connosco e mostrar quem manda, então ganhámos. Naquele momento foi o povo que mandou e não os robocops de armadura a proteger a cobardia e as armas para bater em quem (aparentemente) não se pode defender. Nós fugimos e regressámos, lutámos e regressámos...
Se é uma vitória terem uma escaramuça rápida - desculpem-nos, mas perderam: durou horas.
Se a intimidação é uma vitória da polícia, então perderam novamente - as pessoas saíram de lá mais fortes.
Aqui torno este artigo um pouco mais pessoal, ao informar que est@ voss@ "repórter" teve que abandonar os combates a meio, já que um dos elementos do nosso grupo de afinidade entrou num acesso de pânico absoluto. Acabei por acompanhar essa pessoa a Berlim, de forma a que ela pudesse voltar para Portugal, mas com a certeza de levantar o maior "sururu" do mundo por terras lusas para o que as pessoas unidas estão a enfrentar neste preciso momento (enquanto escrevo) em Rostock, para fechar essa coisa monstruosa que é o G8.

Nem todos têm que estar na frente do combate a atirar pedras, a filmar, a relatar, a dar assistência médica e apoio legal, a alegrar os espíritos como aquele grupo de soldados-palhaço, que a meio de um dos momentos mais violentos da refrega e quando até o bloc fugia da polícia, avançava alegremente pelo meio da multidão, arrancando sorrisos até aqueles que já não viam esperança para todos os que ali estavam. Há inúmeras formas de lutar, inúmeras formas de mandar abaixo este sistema que para morrer so precisa mesmo que lhe expliquem que ele já está morto, ja cheira a cadáver.

Do nosso grupo para ela - um grande beijo. Dá-lhes o inferno, que nós por aqui também!

Nós somos os Media.
Nós estamos a ganhar.

Passem a palavra - VAMOS FECHAR O G8.

Roubado de CMI Portugal

Etiquetas: