2007-09-21

Alemanha: Fábrica de bicicletas é ocupada e autogerida pelos seus trabajadores

[19 de setembro de 2007 - Comunicado de imprensa da FAU-AIT]

Os/as 135 trabalhadores/as da Fábrica de Bicicletas Bike Systems GmbH em Nordhausen, Região de Thüringenque, Alemanha, que ocupam a fábrica desde o dia 10 de julho de 2007, decidiram retomar a produção de bicicletas em regime de autogestão. De forma a que o projecto seja bem sucedido, eles devem receber 1.800 pedidos de bicicletas antes do dia 2 de Outubro. O pessoal da fábrica está a trabalhar em conjunto com a organização anarcosindicalista alemã FAU (União de Trabalhadores Livres), que lançou uma campanha através da página www.strike-bike.de

Há três meses, o pessoal desta fábrica, situada a sul das montanhas Harz, mantém-na ocupada em três turnos de vigilância. Querem impedir o encerramento definitivo, o desmantelamento e a venda da fábrica. A 10 agosto passado, a empresa (propriedade da estadunidense do Texas, Lone Star) apresentou o expediente de falência. A fábrica encontra-se num estado deteriorado e os locais foram esvaziados, com excepção de uma parte. O pessoal recebe o subsídio de desemprego, mas prefere poder continuar a trabalhar.

"Strike-Bike" (A Greve das Bicicletas) - as bicicletas da solidariedade de Nordhausen

Durante a ocupação, e no seguimento de debates mantidos durante as visitas solidárias que tínhamos recebido, nós, trabalhadores/as da fábrica, pensamos retomar a produção. Dado que não se trata só de evitar o desmantelamento da fábrica e esperar a chegada de um novo investidor. Temos a oportunidade de mostrar a capacidade dos/as trabalhadores/as de desenvolver com êxito as suas próprias iniciativas e de autogerir a produção e a distribuição. A ideia da "Strike-Bike" está a receber respostas muito positivas.

Se conseguirmos o nosso objectivo de receber pedidos de 1.800 bicicletas produzidas em regime de autogestão, ajudaremos a difundir as ideias de solidariedade e daremos um apoio moral a companheiros/as que se encontram em situações semelhantes, lutando, como nós, para evitar a "reconversão total".

Temos encontrado a ajuda da FAU, que está a promover, por toda a Alemanha, nossa luta e a venda da "Strike-Bike".

Para mais informação: www.strike-bike.de

A história da ocupação: www.labournet.de/branchen/sonstige/fahrzeug/bikesystems.html

Para contactar com a fábrica e fazer pedidos de bicicletas:
"Bikes in Nordhausen e.V." - c/o. André Kegel, Bruno-Kunze-Str. 39 - 99734 Nordhausen - Telefone: 03631-622.124 y 03631-403.591 - Fax: 03631 - 622 170 - E-mail: fahrradwerk@gmx.de

Para mais informação sobre a campanha do Grupo de Solidariedade com a Strike-Bike da FAU:
Folkert Mohrhof - Telefone: 0179-4863252 - De segunda à sexta das 10h às 15h, também no telefone: +49.40-20.90.68.96

Fonte: agência de notícias anarquistas-ana

Por uma protecção eficaz à bicharada

Assina a Petição na qual se pede à Assembleia da República que aprove e implemente uma nova lei de protecção dos animais em Portugal - sob a forma de um Código de Protecção dos Animais - que seja moderna, eficaz, progressista e justa, de modo a que o Estado Português passe a garantir uma adequada e forte protecção legislativa aos animais.
O Regresso de Zack de la Rocha

Diz-nos o Stage Diving que Zack de la Rocha está de volta. Depois do fim dos inigualáveis Rage Against the Machine, ficou prometido um álbum a solo daquele que é para muitos a figura mais importante da banda. Parece que é agora, passados todos estes anos e já depois de a mítica banda revolucionária se ter reunido novamente, que De La Rocha cumpre a promessa e nos trás o seu aguardado registo.

Diz quem sabe que o músico já terminou as gravações e que conta com uma participação que, na minha humilde opinião, já vale meio CD: Jon Theodore. Ex-integrante dos The Mars Volta de Omar Rodriguez-Lopez e Cedric Bixler-Zavala e considerado por muitos, incluindo eu, um dos melhores bateristas da actualidade.

Por enquanto as notícias ainda escasseiam e apenas se sabe que De La Rocha procura a melhor forma de assegurar a distribuição do álbum. Os rumores dizem que o trabalho soará a uma mistura do Rap a que nos habituou com um som próximo dos Led Zeppelin, não descurando ainda alguma da fúria que caracterizava os RATM. Outra das novidades é que De La Rocha também desempenhará as funções de teclista.

Fazem falta músicos assim. Fico a aguardar mais notícias!

Roubado de Sismógrafo

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2007-09-20

Plataforma Transgénicos Fora questiona secretário de Estado da Agricultura sobre MON 810

Após a manifestação a marcar a oposição aos transgénicos durante a reunião informal dos Ministros da Agricultura da UE, uma delegação da Plataforma foi recebida no Porto pelo Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, Eng. Rui Gonçalves. O único tema da agenda desta 2ª feira, dia 17, foi a reavaliação próxima do milho MON 810. Este milho transgénico foi autorizado pela Comissão Europeia para cultivo em toda a União, sendo cultivado em Portugal desde 2005. Actualmente existem cinco proibições nacionais: a Hungria, Polónia, Áustria, Grécia e Alemanha não permitem o seu cultivo com base sobretudo em razões de protecção ambiental. Após 10 anos de circulação o MON 810 tem de se submeter à obrigação legal da reavaliação, em que os Estados-Membros irão proibir ou permitir a sua continuação no mercado.

Nesta reunião a Plataforma apresentou numerosos argumentos para que o MON 810 seja retirado do mercado, argumentos esses de dois tipos:
- existência de impacto negativo no ambiente (foram entregues diversos artigos científicos sobre o que já se vai sabendo),
- ausência de condições de coexistência com outras formas de agricultura (o cultivo de variedades tradicionais, por exemplo, está completamente desprotegido face à lei perante a eventual contaminação por pólen transgénico).

O Secretário de Estado mostrou interesse em receber propostas de alteração à lei vigente e prometeu estudar com atenção a documentação científica entregue. Houve igualmente abertura para encetar contactos mais regulares com a Plataforma, nomeadamente através do grupo consultivo externo já constituído pelo Ministério da Agricultura.

A Plataforma teve ainda oportunidade de entregar as 7 questões que colocou juntamente com a Greenpeace Internacional na acção do dia anterior:

  • Para quando a rotulagem dos produtos animais?

  • Para quando a legalização das zonas livres de transgénicos?

  • Para quando a rotulagem completa dos produtos vegetais?

  • Para quando o cumprimento da lei pela autoridade alimentar europeia?

  • Para quando a prioridade máxima à protecção da saúde?

  • Para quando uma fiscalização eficaz dos alimentos com transgénicos?

  • Para quando a proibição do milho MON 810 em toda a União Europeia?

Fonte: GAIA
A ideia de cultura do Querido Líder

A maior árvore da Europa
David Furtado (Primeiro de Janeiro)

A Árvore Millennium BCP foi apresentada ontem na Câmara do Porto. Este "monumento provisório" terá a mesma altura da Torre dos Clérigos: 76 metros. Será a maior árvore de Natal da Europa, e poderá ser visitada durante 52 noites seguidas, entre 17 de Novembro e 6 de Janeiro.
A estrutura pesa 280 toneladas e, para a iluminar, serão instaladas 2.400 micro-lâmpadas, 13.000 "lâmpadas-bolinha", 28.000 metros de mangueira luminosa, 500 metros de néon e 600 "strobes". A cenografia luminosa inspirar-se-á na temática das "velas". A apresentação da árvore foi feita em vídeo, ao som de «Jingle Bell Rock», o que não deixou de ser estranho para uma tarde quente de Julho.
De acordo com Paulo Teixeira Pinto, presidente do Millennium BCP, "o banco quer prestar um tributo ao Porto, já que tem a sua sede na Invicta". Este projecto de solidariedade tem como parceiro a "Fundação Porto Social" e pretende ser "um factor de alegria, esperança e congregação", segundo o presidente.
Nas palavras de Rui Rio, "quando tomámos a opção de extinguir a Culturporto e criar a Porto Lazer, estávamos a pensar neste tipo de iniciativas". O autarca defende que "a árvore que o Millennium quer pôr cá está em sintonia com o que queremos fazer. Vai ser um sucesso merecido para o Porto", defende.

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2007-09-19

What?! Land of the free?
Whoever told you that is your enemy...

Por favor não deixem de ver este vídeo e de pensar se não será melhor os EUA invadirem-se a si próprios por, como se diz num dos comentários que o vídeo tem, estarem pejados de pequenos e grande ditadores, capazes destas e doutras atrocidades e terem armas nucleares e de destruição maciça.

Informa-se que o vídeo não deve ser mostrado a crianças, a pessoas com estômago fraco e a todos os defensores do domínio estadunidense do planeta.

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2007-09-18


Manifestação no Porto contra os OGMs




2007-09-14


Aquecimento

Esta noite foi colocada uma faixa na Praça Mouzinho de Albuquerque (Rotunda da Boavista) que apela à concentração em frente ao Hotel Sheraton, no Sábado, às 13h00, para nos manifestarmos contra os transgénicos.

As preparações da acção continuam e Domingo vamos mostrar que queremos Portugal e a Europa livres de transgénicos!

Pombas diabolicamente assassinadas

Tanta pomba assassinada, na praça do marquês de pombal, no Porto. Fim de tarde, quinta-feira, 13 de Setembro. Tombavam em voo ou dos nichos das fachadas. Ficavam no chão em lenta agonia.

Foram levadas em sacos plásticos e em gaiolas, por agentes da GNR, acompanhados no local pela PSP. Foi recolhida uma amostra de uma espuma no chão.

Daí, horas antes, a pomba na janela a vomitar… O ambiente era de consternação e de incredulidade. Ninguém se lembra de acontecer ali uma coisa destas. Ali, no jardim, onde as pombas fazem parte da paisagem.

Não são brancas, mas não deixam de ser paz nas guerras que fabricamos.

Fonte: JN

2007-09-13

Este fim de semana na Casa Viva

Este fim de semana na Casa Viva haverá Punk em Terrritórios de Guerra e apoio cinematográfico à luta contra os Transgénicos que, espera-se, terá algum impacto na cidade, na tarde de domingo.

A não perder.

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2007-09-12

As derrapagens alemãs da guerra mundial contra o terrorismo (GMCT)

Os sinais da frente antiterrorista vindos da Europa são cada vez mais inquietantes, nem tanto pelo aumento visível da actividade terrorista, mas pela tentativa dos governos europeus de criminalizarem a oposição. Em primeiro lugar foi dito pelo governo alemão que 17 jornalistas foram inquiridos por terem publicado artigos acerca do inquérito parlamentar sobre a participação alemã nos voos secretos da CIA de transferência de prisioneiros na Europa. Na mesma semana surge um facto que dá um arrepio na espinha: vários investigadores em pesquisa urbana a trabalharem em Berlim foram submetidos a um inquérito secreto e acusados de terrorismo – um deles acabou mesmo por ser preso. As razões invocadas apontavam os seus trabalhos de pesquisa e as pessoas com quem se encontraram enquanto os realizavam.

O Dr. Andrei Holm, sociólogo urbano de 36 anos da Universidade Humboldt de Berlin, foi preso em 31 de Julho. Especializado no estudo do emburguesamento («gentrificação») em Berlim, escreveu a obra universitária Die Rekonstruktierung des Raumes (A Reestruturação do Espaço). Transferido de helicóptero para o tribunal federal de Karlsruhe, ficou prisioneiro em nome da lei de antiterrorismo com a presunção de «associação terrorista». Foi colocado no isolamento na prisão Moabit de Berlin, 23h por dia, com contactos parcimoniosos com os seus advogados e muito limitados com a sua família incluindo os seus três filhos.

Os domicílios e escritório de três outros investigadores foram revistados, seus computadores, cadernos de endereços e papéis profissionais revistos e confiscados. Todos os quatro estavam a ser vigiados desde Setembro de 2006, suspeitos de associação com uma «organização terrorista» chamada «grupo militante». As investidas da polícia e a detenção de Holm foram precedidas da prisão de três pessoas por, supostamente, terem incendiado vários camiões do exército em Brandebourg. Para além de culpar por vandalismo estas actividades que se declaravam antimilitaristas, o governo alemão ainda evocou a secção 129ª do código penal alemão de 1976 adoptada pelo Estado aquando da perseguição ao grupo militante Baader-Meinhof, e reenquadrada actualmente na luta da «guerra contra o terrorismo» (GMCT).

Como a secção 129ª se aplica especificamente a grupos, e não a pessoas, o poder teve dificuldade em demonstrar a culpabilidade de associação para Holm e seus colegas. A maior parte das acusações contra eles tinham a ver com acções imputáveis a outros.

Um outro pesquisador, Matthias B. é acusado de utilizar frases e palavras-chave como «gentrificação» (emburguesamento), que remete para a terminologia utilizada pelos activistas antimilitares acusados de incêndios criminosos, além de escrever «textos complicados e ter acesso a uma biblioteca de pesquisa». Para o procurador federal, isso demonstra a possibilidade dos investigadores agirem como líderes intelectuais dum «grupo terrorista». Um outro é acusado de se ter encontrado com três presumíveis membros do grupo militante, e um terceiro é suspeito por ter alguns dos seus números de telefone no seu caderno.

Os presumíveis delitos de Holm incluem, entre outros, o facto de ter «contactos estreitos» com os três investigadores acusados, de ter participado na manifestação de extrema-esquerda contra a cimeira económica do G-8 de Heiligendamm em 2007, que o governo alemão tentou perturbar com rusgas policiais preventivas anti-motim em Maio, e de ter «intencionalmente» deixado o seu telefone portátil em sua casa antes de uma reunião. Nota kafkaniana: este esquecimento – contrário ao esforço das autoridades de seguir-lhe o rasto – foi interpretado como um «comportamento conspirador». O poder deu também como exemplo a utilização frequente por parte de Holm de termos como «gentrificação» e «desigualdade» no seu trabalho, o que permite adivinhar a sua cumplicidade com o grupo militante. O que é chocante é o governo alemão sentir-se autorizado a evocar o conteúdo de uma pesquisa como prova de terrorismo. Como diz numa carta aberta de pesquisadores alemães e estrangeiros contestando este acontecimento «a pesquisa critica, principalmente a que tem envolvimento político, torna-se “terrorismo”»

A oposição com as suas acusações ridículas prova o esforço desesperado do poder em analisar estas acusações no quadro da guerra contra o terrorismo, que está em vias de se construir. As mobilizações fizeram-se imediatamente sentir com manifestações em Berlim e por toda a Alemanha em Agosto. Uma frente muito ampla constituiu-se para pôr imediatamente fim às perseguições resultantes da secção 129ª, e o partido d’ Os Verdes prometeu levar a questão ao Bundestag. Mais de três mil pesquisadores universitários e de instituições de pesquisa no mundo inteiro assinaram petições condenando as prisões e pedindo a abolição da secção 129ª (ver www.einstellung.so36.net/en, em inglês). Uma resolução bem formulada circulou na reunião anual da associação sociológica dos Estados Unidos em Nova Iorque, em meados de Agosto; um protesto foi apresentado pelo grupo internacional de geografia crítica; uma outra carta de protesto surgiu de um encontro de pesquisadores em ciência urbana em Vancouver. Dois pesquisadores do Reino Unido descreveram as acusações e as encarcerações como uma espécie de «Guantanamo na Alemanha».

Num primeiro tempo, o governo alemão recusou prestar declarações, mas certos sinais levam a crer que os protestos internacionais surtiram efeito. Depois de mais de três semanas na prisão, Holm foi posto em liberdade mediante uma caução, e o tribunal federal, muito séptico quanto às acusações de terrorismo, rejeitou, pelo menos temporariamente, as tentativas do procurador para o voltar a prender. Ficam, entretanto, as acusações sobre sete acusados.

O que é preciso reter é que a secção 129ª estabelece efectivamente a culpabilidade por associação. É um presente do passado num Estado alemão cada vez mais intolerante. Os Estados Unidos tiveram recentemente perseguições a activistas não violentos bem como a variadíssimas pessoas culpadas de se encontrarem no sítio errado à hora errada; o Reino Unido ameaçou recentemente recorrer à legislação antiterrorista contra os militantes que, recentemente, denunciaram, no aeroporto de Heathrow, as alterações climáticas. Nestes exemplos, a ameaça «terrorismo» é evocada para justificar a repressão de toda a oposição legítima aos políticos governamentais.

Como interpretar de outra maneira a irritação da policia secreta perante a palavra «gentrificação» ? O precedente perigoso que nos vem da Alemanha é que os escritos, dos trabalhos de pesquisa – sem falar do esquecimento do seu telefone portátil – podem ser e serão utilizados como provas contra o seu autor. Se o Estado alemão a isto pode permitir-se, será criado um precedente internacional e os dissidentes, por todo o mundo, vão ressentir-se deste vento gelado.

Neil Smith, directeur du Center for Place, Culture, and Politics à la City University of New York.

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2007-09-11

2 de Setembro: A Assembleia que nunca se realizou


Quando a realidade ultrapassa a ficção

Crónica em jeito de reportagem

Primeiro domingo de Setembro, meio da tarde, soou o batente no nº 167 da Praça do Marquês de Pombal. Não era a primeira vez na última meia hora, estava para começar uma reunião. Quando me aproximei da porta dei conta que estava entreaberta e que o Marquês ia a sair. Pé fora para o apanhar e dou com dois senhores fardados de azul. “A casa é sua?”, perguntam. “Só um momento”, pedi com um jeito de mão e apressando o passo em direcção ao cão. Recolhido do abandono na serra do Marão, não havia de se perder, agora e assim, de novo. Seguia decidido pela aventura, voltou contra vontade.

“A casa é sua?” A mesma pergunta. Os senhores agentes da autoridade batiam à porta para pedir contas da propriedade. Porque haviam recebido um telefonema a dizer que o cadeado daquela porta havia sido arrombado, alegaram. À porta, vindo de dentro, apareceu um dos proprietários. À porta, vindos de fora, continuavam a aparecer homens de olhar meio perdido, casa adentro. “O que é que se passa aqui?” O rumo das perguntas mudou perante as visitas. Passaram a interpelar quem chegava. Homens predominantemente morenos. O que fazem aqui, quem são? Imigrantes que vêm para uma sessão de esclarecimento sobre a nova Lei da Imigração, promovida pela Essalam. O que é isso? Uma associação de imigrantes do Magreb. E fazem aqui reuniões semanais? Não, é apenas uma reunião alargada, esta tarde. Para começar a que horas? Às 16h30. Quanto tempo demora? Talvez umas duas horas.

Chegam mais dois marroquinos. São inquiridos. Não, não têm papéis. Rachid Fathi aparece de dentro a ajudar na tradução. Fala árabe com os que chegam, um dos agentes enerva-se. Rachid explica-se em português. É ele quem dirige a Essalam, associação criada há dois anos no Porto para apoiar a integração dos magrebinos que vêm para cá à procura de trabalho e de melhores condições de vida. É marroquino, como grande parte das duas centenas de associados da Essalam. Rachid volta a entrar com os seus companheiros, deixa os documentos com a autoridade. Os agentes da PSP avisam que da próxima que os apanhem sem papéis chamam o SEF.

O interrogatório continuou, enquanto se aguardava quem traria os documentos que comprovavam a propriedade da casa. Sem provas de que a casa não fora ocupada, não arredariam. Receberam uma queixa, têm de averiguar. Como é que conheceram o Rachid? Quantas pessoas estão lá dentro? Há algum problema em entramos? Telefonemas para o SEF.

Um dos agentes acabaria por entrar, cerca de uma hora mais tarde, com a chegada de quem trouxe as provas de propriedade. Estacionado então, frente à porta, estava um Mercedes descapotável, de onde haviam saído três homens jovens com ar de quem andava a dar um passeio de domingo. Cumprimentaram os seus colegas fardados e mantiveram-se no terreno.
O agente que entrou foi um dos que batera o batente, horas antes. Verificados os papéis, pediu para ir à sala da reunião. Onde haviam estado umas dezenas de magrebinos, encontrou cadeiras sem gente e tapetes no chão. Por razões que a razão conhece, a assembleia da Essalam fora interrompida e os seus participantes foram saindo pela mesma porta por onde entraram, virada para o jardim da praça, enquanto decorria o suspeito espectáculo que há-de sempre provocar a concentração de carros da polícia. O número de curiosos ia crescendo com o número de agentes presentes no local. Aconteciam episódios paralelos, dois espectadores a pegarem-se e um carro a ser mandado parar, o condutor era cigano, viajava com raparigas alegadamente menores e não tinha documentos. Não era o único nessa tarde, mas foi o que teve menos sorte e que seguiu para a esquadra.

Algum problema? Problema é baterem à porta de uma casa a pedir a quem está dentro os documentos que comprovem que tem direito a estar em sua casa e a receber os seus convidados. Esta podia ter sido a resposta. Não foi. Mas a versão original desta história foi, no essencial, muito semelhante a este relato, salvaguardando-se as devidas traições que o tempo provoca à memória, sobretudo no que respeita à sequência das perguntas. O episódio durou umas duas lentas horas. Foram identificadas três pessoas da casa. A duas, foram pedidos os respectivos números de telefone. Ficou o aviso de que no dia seguinte, segunda-feira, o SEF poderia ligar. Não ligou.

Na porta daquela casa nunca existiu cadeado, pelo menos nos últimos 30 anos. Na porta daquela casa foi colocado um papel naquela tarde a indicar que era ali, CasaViva, que se realizava a segunda assembleia-geral ordinária da Essalam. O mesmo anúncio permanece no blog da Associação dos Imigrantes Magrebinos e de Amizade Luso-Árabe. Nada foi feito às escondidas. Ninguém é ilegal.

cmf

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Protesto por uma Europa livre de transgénicos - Porto, 16 de Setembro

De 16 a 18 de Setembro vai acontecer na cidade do Porto (Norte de Portugal) uma reunião Informal de Ministros da Agricultura europeus. Terá lugar na Alfândega do Porto.

É uma boa oportunidade para a sociedade civil dizer o que pensa sobre as políticas agrícolas.

A Plataforma Transgénicos Fora vai aproveitar a ocasião para protestar contra os transgénicos e as leis que protegem as multinacionais em vez do ambiente e da saúde das pessoas.

Dia 16 - Domingo

Será um protesto não-violento, com música, teatro e dança por uma Europa livre de transgénicos!.

Se estás interessado, contacta porto@gaia.org.pt e enviamos-te mais pormenores.

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Programa dos senhores ministros:
http://www.eu2007.pt/UE/vPT/Reunioes_Eventos/Informais/Informal_agricultura.htm


O nosso programa:

*Dia 14 e 15 (sexta e sábado): preparação e ensaios intensivos em espaço colectivo do Porto - com possibilidade de alojamento e refeições comunitárias.
Ensaios/workshops de samba (ritmos da resistência), dança, teatro do oprimido, clown army...
Preparação de cartazes, faixas, gigantones...

*Dia 16
14h30 - concentração em frente ao Hotel Sharaton (Av. da Boavista)
16h (o mais tardar) - início da marcha contra os OGM até ao Instituto do
Vinho do Porto (junto ao Mercado Ferreira Borges)
17h - concentração em frente ao Instituto do Vinho do Porto
17h30 - inicio do cortejo dos ministros desde o instituto até à Alfandega

CONTACTEM PARA MAIS PORMENORES!

2007-09-10

Uma boa causa

Manuel, António, Pina (JN)

As férias impediram-me de louvar aqui o novo "Estatuto do Deputado" publicado em Julho no DR que prevê que cada deputado passe a ter um assessor "pessoal", além dos que já têm os grupos parlamentares.
A medida contribuirá decerto decisivamente para os 150 000 novos postos de trabalho prometidos no programa do Governo, mesmo custando (adivinhem a quem) entre 4,6 e 7 milhões de euros por ano.
Para já serão só mais 230 empregos, mas outros hão--de vir. Iremos, pois, eleger 230 deputados e estes elegerão depois, entre cônjuges, familiares e amigos seus e do Partido, mais 230 para trabalharem (ou, se for o caso, dormirem na bancada) por eles.
Nesta altura, o PS tem já 76 assessores a quem a AR paga 2,2 milhões de euros por ano; o PSD 53 (1,7 milhões); o PCP 24 (660 mil), o CDS 22 (660 mil), o BE 26 (524 mil), o que dá um total de 201 assessores e uma média de 0,87 assessores por deputado (quem não está com meias medidas é o BE 3,25 assessores por deputado).
Feitas as contas, cada assessor ganha, em média, 2000 euros por mês, o que, nos tempos que correm, não lhes deve dar motivo de queixa.
Vai ser preciso, claro, fechar mais urgências, maternidades, hospitais e escolas e despedir mais professores e funcionários públicos. Mas é por uma boa causa.

2007-09-04

Não sei se te lembras, mas a Guerra contra o Iraque continua...

Os médias como arma de guerra
4 de Setembro de 2007
"Vocês publicaram tudo da maneira que nós vos dissemos", disse, a rir, o general Schwarzkopf aos jornalistas, no dia seguinte ao cessar-fogo da 1ª Guerra do Golfo, em 1991. Numa longa análise sobre factos concretos, Malcom Lagauche mostra como os médias dominantes (agências noticiosas, canais televisivos, grandes jornais) sabotaram a informação pública acerca dos bombardeamentos contra as populações civis de Bagdade, do testemunho de Ramsey Clark na sua visita ao Iraque, do Tribunal Internacional sobre Crimes de Guerra, realizado em Nova Iorque em Fevereiro de 1992, etc. São espectaculares as mentiras e as evasivas dos responsáveis desse "jornalismo" de pura propaganda - que ele cita com os seus nomes e cargos. A utilização dos grandes médias como arma de guerra teria sido, segundo Ramsey Clark, sistematizada aquando da invasão de Granada (nas Antilhas) pelas tropas dos EUA, em 1983. Malcom Lagauche (artigo completo em inglês aqui)


Um outro lado da chacina
Urânio Empobrecido põe em risco milhares de vidas em Bassorá

Governos central e local nada fazem
27 de Agosto de 2007
Aswat al-Iraq (Voices of Iraq)
Os níveis de radiação em certas zonas da província de Bassorá, no sul do Iraque, indicam que estão em perigo iminente milhares de habitantes locais que assim estariam muito mais atreitos a contrair cancros e malformações à nascença, segundo Khajak Vartanian, técnico de radiação ambiental na província. Nos últimos 4 anos, houve em Bassorá um aumento sem precedentes desses casos, e também de deficiências renais, doenças da pele, alergias, infertilidades e abortos recorrentes aumento esse atribuído à poluição de urânio empobrecido. As autoridades pro-EUA simplesmente não ouvem as propostas de medidas para prevenir o desastre.
Notícia completa aqui

Importante relatório do Global Policy Forum
A destruição do património cultural do Iraque

As operações militares dos ocupantes danificaram gravemente lugares históricos
11 de Junho de 2007
As forças da coligação ergueram acampamentos [militares] em sítios arqueológicos vulneráveis e destruíram cidades históricas durante as suas operações militares. Apesar das múltiplas petições provenientes do mundo inteiro, os ocupantes deixaram as jazidas arqueológicas à mercê dos ladrões, mostrando um grave desprezo pelas leis internacionais. Os saqueadores espoliaram dezenas de jazidas importantes, e a espoliação continua dia após dia. Nota do TMI-AP: Este é um dos capítulos de um extenso relatório sobre os diversos aspectos e consequências da agressão ao Iraque, produzido por 31 ONGs de todo o mundo sob a coordenação do Global Policy Forum no âmbito de consultas da ONU. A maior parte dos capítulos podem encontrar-se em língua castelhana e o documento integral em inglês

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2007-09-03

Recolhido pela CasaViva, o Marquês precisa de Casa

Portugal, Verão 2007

No passado dia 26 de Agosto pelas 18h a bexiga falou mais alto e parei na área de descanso da IP4, à entrada do Marão, no sentido Vila Real/Porto.Claro que a imagem de um condutor a sair do carro e a entrar numa casa de banho não aconteceu, porque nessa área de descanso isso não existe, estando instituído como mictório o arbustro mais próximo. Se as instalações sanitárias não existem, o mesmo não se pode dizer dos caixotes do lixo, que existem e bem cheiinhos!Tão cheios que todo o lixo que ali já não cabe abunda nas valetas da suposta área de descanso.O cenário completa-se quando aparece um bem disposto cão abandonado, que de carro em carro tenta arrancar um pedaço de comida e uma festa ou outra.E os mercedes prateados sempre a passar...neste Verão 2007.

MARQUÊS

Macho

6 meses

Esperto

Brincalhão

de momento está na casaviva, até encontrar um lar definitivo.

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