2007-02-18

A OTAN no Médio Oriente : o punho de ferro da dominação económica

Ángeles Maestro - La Haine

O processo de integração da esquerda institucional europeia no bloco dominante, marcando o passo que os imperialismos do EUA e da UE ordenam, teve uma troca de voltas com as votaões parlamentares para o envio de tropas para o Líbano.

Posição apresentada na Contracimeira de Sevilla contra a cimeira de ministros da defesa da OTAN, a 3 de fevereiro de 2007

A Refundação Comunista, o Partido Comunista Francês e Izquirdas Unidas (de acordo com o Partido Comunista Espanhol) apoiaram o envio de importantes contingentes militares para consolidar uma estratégia onde a OTAN, a UE e a ONU mudam os papeis de um mesmo drama de saques e dominação.

A opinião dos povos, desinformada e intoxicada por falsa média, sucumbiu perante a enésima ocultação dos verdadeiros interesses em jogo e perante o horror dos 34 dias de bombardeamentos israelitas sobre a população civil libanesa que provocaram 1.200 mortos, na sua maioria crianças e mulheres.

Ler Posição completa [PDF]

O Mediterrâneo como Segregação

de Adrian Grima

Texto original em (inglês) aqui

Mais de uma centena de activistas da sociedade civil de todo o Mediterrâneo encontraram-se em Roma, para renovarem o seu comprometimento contra a guerra e o colonialismo e para discutir formas de trabalhar em prol da paz, democracia, direitos humanos e civis, coexistência pacífica e liberdade. Adrian Grima esteve lá.

Defino-me como um tunisino, árabe, muçulmano e migrante. Também há um outro elemento muito importante na constituição da minha identidade, que é a minha posição clara, em termos de grupo social ou classe, a favor das pessoas oprimidas. Esta estranha mistura (“intreccio” foi a palavra que utilizou em italiano) de elementos faz de mim o que sou, não penas na forma de ideal, porque também determina, precisa e concretamente, a minha praxis individual e política, a minha forma de pensar, a minha forma de agir. Nesta mistura que me constitui, o Mediterrâneo não está presente. Na minha identidade não sinto que pertença ao Mediterrâneo”.

É demasiado tarde numa linda sexta-feira à noite em Roma. Omeyya Seddik, do Mouvement de l’Immigration et des Banlieues, uma federação de 50 comités dos subúrbios de Paris, fala com a claridade descomprometida e a paixão dum activista da sociedade civil experiente. Explica que é um tunisino que vive em França e, como tunisino, ele é parte duma coligação de partidos, associações e figuras de proa que se opõem ao regime do presidente tunisino, General Ben Ali. Omeyya Seddik é um membro do comité formado por emigrantes que é parte deste movimento pela democracia na Tunísia, que se chama Mouvement du 18 octobre.

Ele afirma que para ele, e para os árabes em geral, a questão não é “O que é o Mediterrâneo?”, mas antes “Porque é que o Mediterrâneo não está presente?”

Tomar partido

Para as pessoas às quais eu sinto que pertenço, o Mediterrâneo é algo que divide. É um mar onde os nossos irmãos e irmãs morrem todos os dias, porque há uma relação colonial que existe há muito tempo e que está a ficar mais forte. O nome desta relação é “o Mediterrâneo”. Omeyya descreve este mar como uma “segregação espacial”. Vocês”, diz-nos a nós, europeus, “podem visitar-nos quando querem. Nós não podemos. Isto impede o Mediterrâneo de ser alguma coisa clara”.

Raffaella Bolini, presidente da ARCI, uma das organizações que organizou o Medlink, acredita que temos que articular melhor uma posição anti-neoliberal e anti-guerra e que criar uma linguagem universal. Ela acredita que o lugar para este tipo de encontro e diálogo, para esta articulação, é o Mediterrâneo, “a possível fronteira do conflito de civilizações”, um local onde há uma necessidade urgente de uma alternativa. Raffaella sabe que “muitos dos nossos amigos da costa sul contestam a nossa retórica sobre o Mediterrâneo como um mar de paz. Para eles, o Mediterrâneo é uma fronteira entre poderes colonizadores e colonizados, o cemitério dos jovens do Sul”. Ele augurou, talvez até tenha prometido, que, no Medlink, os activistas da sociedade civil iriam inventar, criar um mar comum (1).

Omeyya viajou para Roma a partir de Beirute, onde tinha estado “a tentar construir solidariedade com o povo libanês e com a resistência”, desde o início da última guerra israelita no Líbano, em Agosto de 2006. Numa voz firme que está talvez carregada de emoção ele identifica outro obstáculo. “O Mediterrâneo é um lugar onde existe um enorme problema. Chamo-lhe Estado de Israel. Muitos árabes não confiam no conceito de 'Mediterrâneo', porque acreditam que falar sobre o Mediterrâneo é uma forma de fazer de conta que o antagonismo não existe”.

Descreve Israel como “um estado que nunca parou de fazer guerras, que não paro de destruir sistematicamente um povo, nunca. Todas as forças políticas que estiveram no poder fizeram a mesma coisa. Nunca parou de fazer guerras em todo o lado. Experimentei isto eu próprio quando eles bombardearam a Tunísia e o Líbano. Este é um dos elementos constitutivos deste estado. Falo com experiência. Não quero falar de legitimidade histórica. Peço perdão aos palestinianos. Não quero falar sobre de quem é este país. (..) Só quero falar sobre o que este estado tem vindo a fazer há décadas. E sobre oque continua a fazer. E este estado, tenho pena de o dizer, não faz parte do Mediterrâneo. É um obstáculo ao Mediterrâneo. Se não dissermos isto, não podemos criar o Mediterrâneo”.

Omeyya explica que para ele, tornar claro de que lado estás é vital. Refere-se ao discurso de Raffaella Bolini no Medlink e ao seu artigo no diário nacional comunista Liberazione. Raffaella escreve que sentimos a necessidade de construir uma rede de pessoas, o que ela chama “un gruppo di affinità” de entre aqueles que recusam a alógica de tomar partido, “la logica di schieramento”. É o tipo de oposição binária que pretende, ou que até te força, que escolhas entre Bush e Bin Laden, entre a Ocupação da Palestina e bombistas suicidas. Ela chama a este antigo fenómeno “a lógica do inimigo”, que está pressente em todo o lado, mesmo na esquerda e em certos movimentos.

Omeyya realça que compreende perfeitamente o que Raffaella Bolini diz. “Entendo a dor da pessoa que é forçada a escolher entre terrorismo e os Estados Unidos. Entendo isto. Mas, se formos um bocadinho mais ao fundo, as coisas são mais complicadas. Para trabalharem em conjunto, as pessoas têm que estabelecer de que lado estão”. Os árabes sentem “que vivem em guerra permanente. Não se trata de escolher entre viver em paz ou estar em guerra. Trata-se de que estamos em guerra. E, quando há guerra, temos que fazer qualquer coisa. Temos que tomar partido”.

Não estou a praticar terrorismo intelectual. Na primeira guerra mundial havia dois lados em guerra e alguns pacifistas recusaram-se a combater nesta guerra. Foi uma coisa bonita. Eles diziam 'Nós não queremos esta guerra'. Espero que, se tivesse vivido nessa época, durante a guerra, me tivesse sido possível fazer a mesma escolha. Mas a guerra que vivemos hoje é uma guerra colonial, na qual temos que escolher, na qual temos que tomar partido. Numa guerra como esta há um inimigo e há um amigo”. Omeyya realça que “Os nossos povos não conseguem entender uma aliança”, e aqui ele refere-se à Europa, ou mais especificamente à União Europeia, “que há um inimigo que faz guerra contra os nossos povos”, ou seja, contra os árabes.

Como pode um libanês ser parte duma aliança na qual tenha que trabalhar com pessoas que estão associadas, ou muito próximas, a forças que são aliadas dos EUA no Líbano, depois de ter “recebido milhares de toneladas de bombas e vivido uma guerra”? Como é que se pode discutir alianças e cooperação com pessoas que são aliadas e que trabalham com aqueles que atacaram o Líbano e o seu povo?

Omeyya Seddik dá outro exemplo. “Quando houve uma rebelião, há algum tempo, na Argélia, na região de Kabylia (maioritariamente Berbere), depois do assassinato dum adolescente chamado Massinissa Guermah (em 2001), fui a Kabylia para entregar uma declaração escrita por muitos intelectuais árabes de apoio à revolta. Definiam-se intencionalmente como árabes para estabelecer que não consideravam que isto fosse uma guerra entre árabes e berberes. Consideravam que se tratava duma revolta justa, uma revolta social contra um estado que nega os direitos das pessoas. E, de facto, esta revolta não sedava apenas em Kabylia mas também em muitas aldeias e cidades exteriores à área berbere. Ninguém falou disto.”

Mas quando esteve lá, Omeyya teve “problemas enormes com dois discursos que eram de facto o mesmo discurso: o primeiro discurso era o do Estado, do exército dentro do Estado que disse que a revolta era étnica, uma revolta berbere que ameaçava o Estado e a unidade da Argélia”. O outro discurso que não podia aceitar era “um discurso berbere étnico e chauvinista de alguns dos grupos sociais e políticos representativos de Kabylia que diziam exactamente a mesma coisa.” Queriam, a todo o custo, transformar uma causa justa num conflito étnico. Eu posiciono-me a favor dos direitos das pessoas decidirem como falar, que linguagem utilizar, o direito de lutar contra a injustiça; mas também tomo partdo contra todos os discursos que dividem as pessoas e que criam atritos sociais entre elas, transformando tudo em conflitos religiosos e étnicos.”

Vou dar-vos outro exemplo, desta vez relacionado coma Tunísia. Não culpo os organizadores do Medlink, mas como posso eu falar acerca de alianças e cooperação quando tenho que falar para uma audiência que também inclui porta-vozes do regime de Ben Ali?”

E como posso eu não tomar partido no Iraque e na Palestina? Podem dizer que, para mim, isto é uma escolha estético ou espiritual. Ou o que lhe quiserem chamar. Para mim, resistir à injustiça é uma cosa sagrada. Mas nem todas as formas de resistência em diferentes partes do mundo são sagradas. Há erros que se cometem. Eu estou do lado da resistência e tomar essa posição é a condição para se poder trabalhar em como resistir. Em primeiro lugar temos que tomar partido pelos que estão a resistir à injustiça, ao colonialismo e à ocupação: esse é o primeiro passo, sem o qual não poderemos cooperar de forma a tornar a resistência mais eficaz e mais próxima da nossa visão de igualdade e por aí fora.

Omeyya reconhece que, claro, não é fácil tomar partido, porque as coisas não são simples e transparentes, mas alguém que se envolve em política ou activismo social deve fazer o esforço de ver o que se está a passar. “No Líbano as coisas estão difíceis. No Iraque as coisas também estão difíceis. Mas no Iraque há resistência, mesmo se há coisas que são difíceis de compreender. O nosso dever é ir e ver e compreender o que se está a passar, de forma a podermos tomar posição”.

Um Locus de Diálogo e Acção

Outra oradora árabe que foi crítico a toda a noção de Mediterrâneo como um Locus de diálogo e acção para a sociedade civil foi Nahla Chahal, uma socióloga libanesa e professora universitário que vive, neste momento, em Paris e que estava a representar a Campagne Civile Internationale pour la Protection du Peuple Palestinien. A experiência da guerra no Líbano, no Verão de 2006, ainda estava muito viva no seu coração e na sua mente.

Para os árabes, afirmou, o Mediterrâneo existe como “um espaço geográfico, não um espaço político”. Por outro lado, os árabes esperam muito da Europa, mas, ao mesmo, tempo, suspeitam muito dos seus motivos. Isto é claro na interpretação que fazem do conceito duma região ou dum processo político “Euromed”. “Para os árabes, 'Euro' e 'Mediterrâneo' são termos coloniais. Dum lado, há a Europa e, do outro, o mundo árabe, há o Mediterrâneo. O que é esta construção híbrida que não significa nada?”, pergunta Nahla Chahal. “São Euro Árabes ou Euro outra coisa qualquer ou Mediterrâneo, mas o que é Euromediterrâneo, o que é em termos de conceito ou vontade? Nós, europeus, somos europeus e, mais uma vez, orientamo-nos para outra esfera, o Mediterrâneo, e vocês, mais uma vez, não existem.

Mesmo com a terminologia é preciso ter muito cuidado, porque os árabes esperam muito da Europa, é a entidade mais próxima deles, com a qual têm muitas ligações históricas e culturais. Mas também porque a Europa é uma força muito importante no que diz respeito à hegemonia americana”. Nahla Chahal disse que “os árabes perguntam-se o que está a Europa a fazer quando a agressão acontece”, como aconteceu no Líbano, ou “quando a situação na Palestina é particularmente má?” Quando a Europa não faz nada, os árabes recordas as suas memórias negativas da Europa como colonialista, mais próxima dos EUA dos que do mundo árabe; “até mesmo as memórias das cruzadas são lembradas”. Os árabes esperam que os europeus ajam “e, quando não fazem, quando estão ausentes, ou quando actuam da forma errada, isto cria problemas muito grandes.

(...)

MEDITERRANEAN LINKS (MEDLINK) – Um encontro de Sociedades Civis do Mediterrâneo para a Paz, Justiça, Direito, Democracia, decorreu em Roa a 24/25/6 de Novembro de 2006. Foi organizado por um grupo de organizações e redes da sociedade civil italiana. Un ponte per…, Arci, Attac-Italia, Beati i costruttori di pace, Guerre&pace, Fiom-CGIL, ICS, Libera, Lunaria, and Rete del Nuovo Municipio.

(1) Raffaella Bolini, “L’alternativa all’odio tutta da costruire. Mediterraneo e movimenti tra l’incudine e il martello,” Liberazione (23 November 2006). http://www.liberazione.it/giornale/061123/archdef.asp.


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Brzezinski confirma que os Estados Unidos podem organizar atentados no seu próprio território

Exceptuando o The Washington Note e o Financial Times, os grandes médias decidiram não noticiar as declarações de Zbigniew Brzezinski [1] que estão a agitar a classe dirigente estadunidense. Ao depor perante a Comissão dos Negócios Estrangeiros do Senado, a 1 de Fevereiro deste ano, o antigo conselheiro nacional de segurança leu uma declaração cujos termos foram cuidadosamente pesados.

Disse ele: «Um cenário possível para um enfrentamento militar com o Irão implica que o falhanço iraquiano atinja os limites americanos; seguido por acusações americanas que responsabilizem o Irão por esse falhanço; depois, por algumas provocações no Iraque ou um acto terrorista em solo americano de que o Irão seria acusado. Isto poderia culminar com uma acção militar americana 'defensiva' contra o Irão, que envolveria uma América isolada num profundo atoleiro que englobaria o Iraque, o Irão, o Afeganistão e o Paquistão».

Sim, leram bem: Brzezinski admitiu a possível organização, pela administração Bush, de um atentado em território dos Estados Unidos que seria falsamente atribuído ao Irão para provocar uma guerra.

Em Washington, os analistas hesitam entre duas interpretações desta declaração. Para uns, o antigo conselheiro nacional de segurança tentou puxar o tapete debaixo dos pés dos neoconservadores e lançar suspeitas antecipadas sobre qualquer circunstância conducente à guerra. Para outros, Brzezinski quis, além disso, sugerir que, em caso de enfrentamento com os partidários da guerra, poderia reabrir o dossiê do 11 de Setembro. Seja como for, para passar a ser discutida publicamente pelas elites de Washington.

[1] Zbigniew Brzezinski foi Conselheiro Nacional de Segurança dos Estados Unidos do presidente Jimmy Cartes, de 1977 a 1981. Ficou conhecido por ser um 'falcão' da pol´tica externa numa época em que o Partido Democrata era cada vez mais dominado pelas 'pombas'. Defensor de uma política externa 'realista', foi considerado como a alternativa dos democratas a Henry Kissinger, também ele 'realista' que ocupou as mesmas funções no período do presidente Nixon.

2007-02-17

De Olho na UE
Reino Unido: Adeus à privacidade?

Um novo relatório descreve o Reino Unido como uma sociedade sob vigilância, na qual
a vida de milhões de pessoas é constantemente monitorizada, como se pode ver
nesta notícia
, em castelhano, do site da BBC

O estudo, encomendado pela Comissão de Informação do governo - cuja missão é proteger a privacidade dos indivíduos- adverte que la vigilância se está a tornar cada vez mais omnipresente,criando o risco de fomentar um ambiente onde prevalece a suspeita.

Assinala que, com maior frequência, as acções dos cidadãos são registradas por câmaras de circuito fechado.

De acordo com o relatório, no Reino Unido há cerca de 4,2 milhões de câmaras de circuito fechado, o que equivale a uma por cada 14 pessoas.

Também se utilizam outras técnicas para controlar os hábitos de consumo, comunicação e mobilidade.

O relatório estima que esta vigilância aumentará na próxima década.

David Murakami-Wood, co-autor do relatório, disse à BBC que, em comparação com outros países ocidentais, o Reino Unido era "o país com mais vigilância".

"Temos mais câmaras de circuito fechado e as nossas leis sobre privacidade e protecção da informação são menos estritas".

O relatório também põe sobre a mesa o tema da utilização de uma combinação de fontes de informação como o cartão de crédito, o telemóvel e os cartões de cliente frequente de algumaslojas comerciais.

Richard Thomas, Comissário de Informação do governo, apelou para que se debata quais são os riscos que se correm se a informação recolhida cair nas mãos erradas.

"Temos que decidir onde queremos estabelecer os limites, quanto queremos que a vigilância modifique a natureza da sociedade numa nação democrática", disse à BBC.

"Não somos tecnófobos, mas o que estamos a dizer é que não se pode esquecer a importância fundamental da protecção da informação, pela qual sou responsável. Nestes tempos, isto é muito importante".

O relatório coincide com a publicação de uma lista do grupo de direitos humanos Privacy International que coloca o Reino Unido no fim de uma lista que cataloga as democracias ocidentais de acordo com o nível de protecção da privacidade individual.

Os dois piores países da lista que inclui 36 nações são a Malásia e a China. O Reino Unido encontra-se entre os cinco piores.

Nota: o reino Unido tem sido o país onde as medidas securitárias mais draconianas têm sido implementadas antes de o serem no resto da UE. Ou seja, o que se passa por lá hoje passar-se-á por aqui amanhã...

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Apresentação do livro «O Ministro da felicidade»

Dia 24 de Fevereiro, sábado, às 18h, será apresentado na
Livraria Letra Livre, Calçada do Combro, 139

o livro de José Luis Félix «O Ministro da Felicidade.
Memórias de UmRevolucionário Arrependido» uma sátira sobre
o nosso universo político paroquial, onde um sem número de
esquerdistas arrependidos se tornaram gestores do Estado e
do Capital com a mesma fé e certezas com que um dia falaram
do Povo e do fim da sociedade de classes.

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2007-02-12

Gondomar votou SIM no referendo
(ou como, às vezes, é um orgulho viver aqui)

Os eleitores de Gondomar votaram maioritariamente SIM no referendo sobre a Interrupção da Gravidez realizado este domingo, sendo ainda mais claros na sua escolha do que as médias Nacional e do Grande Porto.
Em Gondomar foram votar quase 60 mil eleitores (mais do que 44% dos inscritos). O SIM obteve uma maioria absoluta de 62,57% dos votos, contra 54,39% no Circulo Eleitoral do Porto e 59,25% do que a nível Nacional. As Freguesias de Fânzeres, Rio Tinto, Baguim, Valbom, S. Cosme e S. Pedro da Cova foram as que mais contribuíram para a vitória do SIM em Gondomar. O NÃO ganhou, no Concelho de Gondomar, nas Freguesias da Lomba, Covelo e Foz do Sousa.

RESULTADOS FINAIS OFICIAIS

NACIONAIS
3.851.613 votos 43.61%
Sim 2238053 votos 59.25%
Não 1539078 votos 40.75%

CIRCULO ELEITORAL DO PORTO
658.397 votos 44.89%
Sim 351.096 votos 54.39%
Não 294.442 votos 45.61%

CONCELHO DE GONDOMAR
59.342 votos 44.39%
Sim 36334 votos 62.57%
Não 21737 votos 37.43%

POR FREGUESIAS
Covelo
Sim 370 votos 49.93% - Não 371 votos 50.07%
Fânzeres
Sim 4.525 votos 63.79% - Não 2.569 votos 36.21%
Foz do Sousa
Sim 1.092 votos 46.43% - Não 1.260 votos 53.57%
Jovim
Sim 1.284 votos 57.37% - Não 954 votos 42.63%
Lomba
Sim 212 votos 48.40% - Não 226 votos 51.60%
Medas
Sim 464 votos 50.99% - Não 446 votos 49.01%
Melres
Sim 569 votos 44.31% - Não 715 votos 55.69%
Rio Tinto
Sim 11.624 votos 66.43% - Não 5.874 votos 33.57%
S. Cosme
Sim 5.854 votos 59.80% - Não 3.935 votos 40.20%
S. Pedro da Cova
Sim 3.447 votos 66.96% - Não 1.701 votos 33.04%
Valbom
Sim 4.021 votos 69.12% - Não 1.796 votos 30.88%
Baguim do Monte
Sim 2.872 votos 60.31% - Não 1.890 votos 39.69%

(obrigado pela dica, Ana)

2007-02-02


De Olho na UE

Big Brother is Now Obsolete (Análise Statewatch)

A UE está a discutir o futuro da Europol. A Statrewatch, através de um texto do Professor Steve Peers, Human Rights Centre, Universidade de Essex, tornou pública uma análise sobre “Europol – O passo final para a criação de uma polícia de 'investigação e operacional'”. Entre as conclusões dessa análise estão as seguintes:

a substituição da Convenção da Europol por uma Decisão do Conselho irá reduzir os poderes dos parlamentos nacionais para controlarem o desenvolvimento da Europol e irão acelarar ainda mais o passo do desenvolvimento~dos poderes e das competencias da Europol”

seria possível, por exemplo, que a Europol criasse uma base de dados de alegados manifestantes violentos, de forma a exercer as suas funções de ordem pública”

a necessidade de preparar a Europol para o envolvimento na implementação do “princípio da disponibilidade”, ou seja, o acesso sem controlo por parte das forças policiais nacionais a todos os dados das bases de dados de cada uma”

Que novas garantias são propostas para assegurar a responsabilização e o controlo destes novos 'poderes operacionais e de investigação'? Nenhuma”

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Planeta Terra: Aquecimento e Fenómenos Climáticos Extremos

O planeta vai aquecer entre 1,8 e 4 graus Celsius até final do século, o que fará subir o nível dos mares até 58 centímetros e multiplicar as secas e vagas de calor, indicaram hoje especialistas em alterações climáticas.

Estas são as principais conclusões do relatório apresentado hoje (de que já se tinha aqui dado conta) , em Paris, pelos 500 delegados do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), que aponta para "uma probabilidade muito alta" de que o aquecimento global se deva à actividade humana.

Segundo uma síntese do documento, intitulada "Resumo à Atenção dos Decisores", o aumento da temperatura global previsto até ao fim do século XXI é entendido pelos peritos como "uma temperatura média" e será muito diferenciada segundo as regiões, podendo ser multiplicada por dois nos pólos, por exemplo.

A subida dos termómetros resultará na subida dos oceanos e em múltiplos fenómenos extremos, como vagas de calor, episódios de seca e precipitações intensas que poderão provocar a deslocação de cerca de 200 milhões de refugiados climáticos até ao fim do século.

Este quarto relatório do IPCC (criado em 1988 pelas Nações Unidas) traduz também a convicção reforçada dos peritos da responsabilidade humana no aquecimento global observado nos últimos 50 anos e que, segundo eles, não pode ser só atribuível à variabilidade natural.

As concentrações de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, sublinham os especialistas, nunca foi tão elevada desde há 650 mil anos.

Notícia da Lusa

Pessoalmente, considero sempre que os resultados dos estudos do IPCC são conservadores, quanto mais não seja pelos constrangimentos de ser um órgão da ONU. ou seja, considero que as alterações serão muito mais rápidas e muito mais brutais do que o que querem que saibamos

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Lançamento do "pica miolos"

sábado, 3 fevereiro, a partir das 16h00 - entrada livre

Mais do que um espaço, a CasaViva é um meio de provocação. Nunca foi um projecto meramente artístico ou cultural. Muito menos uma ideia comercial ou pretensão de figurar no mapa da noite portuense.

A CasaViva é um esforço de cidadania, um espaço de activismo, com aspirações a anfetamina que combata a letargia e a incapacidade de indignação. Para contrariar essa instituída forma de pensar, ser e conformadamente estar e viver.

Se o espaço é temporário, o projecto não quer ser efémero. Nasce, assim, o "Pica Miolos", folha de opiniões e de notícias que nos foram chegando e tocando mais profunda ou especialmente.

Seguirá um critério necessariamente tendencioso, como todos os critérios editoriais de todos os media que se dizem imparciais. Objectivo: Picar Miolos!

E assim participar na revolução das mentalidades desta sociedade acrítica e bem comportada e demonstrar de que lado do activismo a CasaViva vive e resiste.

No sábado, dia 3 de Fevereiro, lança-se o número experimental: 100 exemplares em papel e edição electrónica. Ocasião para agitar, comer, divertir, falar, beber, ouvir, cantar e tudo o que mais apetecer, na Casa onde basta bater ao batente para se entrar.

Programa em casa-viva.blogspot.com

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