2007-10-23

Porreiro, pá?

Depois da rejeição popular, em França e na Holanda, à Constituição, as elites europeias, através de comunicações oficiais pródigas em apelos ao debate e ao aprofundamento democrático, anunciaram o início dum período de reflexão. Esse tempo mais não foi do que o que mediou entre esse primeiro embaraço e o vislumbre de novas possibilidades de derrotar o inimigo e de impor a ordem que tinha sido recusada.

O nome não podia ser o mesmo, o que causava grande incómodo, já que o enorme cuidado colocado no baptismo original, para que o simples nomear deste acordo multilateral fosse, por si só, uma forma de legitimação, tinha sido em vão. Paciência, vai-se o epiteto Constituição, fica o conteúdo e até se ganha o desprendimento desse lastro incómodo que é o da consulta dos imprevisíveis povos europeus.

Sarkozy, um dos que mais necessitava de nova roupagem para a defunta, captou muito bem esta mensagem que Merkl tinha sugerido. Juntos impuseram a sua visão de que bastava um acordo breve que mantivesse a “primazia do direito comunitário” e da sua “economia livre e não falseada”, a “liberalização de capitais e serviços” e os seus efeitos sobre o mundo do trabalho, mas de forma não muito visível. Acrescentando um pouco ao que já existe em termos de tratados multilaterais que vão construindo a União Europeia (UE), tem-se o que se queria ter antes. A presidência portuguesa mais não teria, então, que redigir um mini-tratado que, somado ao emaranhado de tratados já existentes, fosse a redacção fiel do que tinha sido rejeitado. E, temos que reconhecer, Sócrates e os seus estiveram à altura.

A malta é que não gosta que façam de nós parvos, mas isso é coisa de somenos para os que vão cozinhando a forma de o mundo partir e repartir as suas riquezas. Eles gostam de cozinhar sozinhos porque sabem que quem parte e reparte é que escolhe a sua parte. Nem nos ouvem. Só dizem que tratado é tratado e temos que tratar de o cumprir, que assim é que as coisas podem andar para a frente e para a frente é que é o caminho, já lá dizia o outro, nem importa muito quem. E cumpri-lo, caro filho, significa agir de acordo com as normas que impõe. E impõe normas de organização política, de organização económica. Pois é, filho.

É legítimo defender quaisquer princípios de política e de economia. Os do neoliberalismo, por exemplo. Ninguém pode censurar que haja pessoas para quem a organização actual é a mais correcta possível. Que digam que não é bem assim quando a pobreza aumenta, quando a precaridade se generaliza, quando as despesas sociais do Estado diminuem, quando se mercantiliza a vida social. Pensam assim, vá-se lá saber porquê, mas podem fazê-lo, é direito deles pensar pelas suas cabeças e tentar arranjar forma de fazer vingar as suas ideias. Se calhar até têm razão, eu acho que não, mas isso sou só eu a achar, não diz nada a ninguém. O problema é que, ao vingarem, vingaram-se de todo o tempo de espera e, através do cumprimento do tratado, impedem que haja outra via para o desenvolvimento económico e social que não seja a de fortalecer os mercados e de privilegiar o investimento e os fluxos de capital privados.

Trazendo a coisa para a mesquinhez da vida real, os eleitores de um país podem votar maioritariamente num candidato com um programa marxista. Pode parecer irrealista, mas é um direito dos eleitores pensarem pelas suas cabeças e tentar arranjar forma de fazer vingar as suas ideias. Se calhar até têm razão, eu acho que não, mas isso sou só eu a achar, não diz nada a ninguém. A questão é que o candidato, depois de eleito, não pode aplicar o seu programa. Senão, lá está, viola o tratado e tratado é tratado e temos que tratar de o cumprir, que assim é que as coisas podem andar para a frente e para a frente é que é o caminho, já lá dizia o outro, nem importa muito quem.

A malta é que não gosta que façam de nós parvos, mas isso é coisa de somenos para os que vão cozinhando a forma de o mundo partir e repartir as suas riquezas. Eles gostam de cozinhar sozinhos porque sabem que quem parte e reparte é que escolhe a sua parte. Nem nos ouvem. Mas deviam, ao menos, saber que ninguém gosta de passar por parvo, muito menos quem o é, e deviam arranjar formas mais subtis de tornar os seres humanos obsoletos. E, mesmo que concordasse com o conteúdo do tratado, que há quem concorde, vá-se lá saber porquê, mas podem fazê-lo, é direito deles pensar pelas suas cabeças, se calhar até têm razão, eu acho que não, mas isso sou só eu a achar, não diz nada a ninguém, esta falta de cuidado bastaria para que me opusesse.

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2007-10-19

Levanta-te e faz-te ouvir

Mas fá-lo todos os dias. Assume que tens aceitado diariamente ser nada mais do que o espectador silencioso dum teatro de má qualidade montado para te entreter e cobrar chorudos lucros de bilheteira e não para fazer bom teatro. Reapropria-te da tua coluna vertebral. Porque tu sabes que é assim, toma o teatro, que ele também te pertence. Vaia os canastrões. Não precisas de armas nem de grande barulho. Simplesmente, levanta-te e faz-te ouvir. De espectador silencioso, passa a espectador, actor, encenador, dramaturgo... dum teatro do Caminho, não da Chegada, dum teatro que reflicta sobre si mesmo como instrumento da mudança, em vez de perpetuar o mal no sonho hipnótico de quem assiste passivamente.

São os media corporativos que te oprimem com a sua desinformação? Torna-te nos media alternativos. Sabes que as informações que te transmitem são falsas e manipuladoras? Desmascara-as, ri-te delas, proclama a tua verdade.

Tens medo de falar? Achas que, pessoalmente, vais tendo o suficiente e que, se deres nas vistas como dissidente, podes prejudicar-te e à tua família, cercear as tuas oportunidades de emprego e promoção e que as coisas, para ti, até nem estão assim tão más? Não te esqueças do que disse Brecht e que foi o que possibilitou o holocausto na Alemanha – se a coisa te vier bater à porta, depois pode não haver mais ninguém para falar por ti.

Achas normal que os mesmos que te condenam a salários congelados ou em atraso, ou salários com os quais não consegues pagar o débito mensal à banca, que no fundo é uma renda barata de casa, que não te chegam ao fim do mês, trabalho casa, casa trabalho e sempre a poupar e nem falo dos subsídios da doença ou da deficiência, para não me enervar, salários que estão na cauda do leque salarial europeu, aufiram rendimentos mensais astronómicos, acoplados a grandes reformas antecipadas e auto-concedidas, falo de políticos, de gestores, de empresários? Achas admissíveis estes dois pesos e duas medidas para a necessidade e a justiça? Quando lês que "Pai perdoa a filho 12,5 milhões de euros", isto não te passa um atestado de carneiro num sistema cuja injustiça atingiu as raias do absurdo?

Consideras que a democracia representativa, em que te dizem que vives, há muito deixou de ser democracia, de te ouvir e que, impávida como um robot programado de longe, avança a passos cegos e firmes para desmantelar todas as estruturas sociais, que se orientavam no sentido de vir a garantir trabalho, saúde, educação, habitação em igualdade de oportunidade para todos, para entregar tachos lucrativos aos privados nascidos ao sol duma classe de eleitos? Não te indigna profundamente que se sirvam dos teus impostos para financiar cimeiras para planear mais negociatas entre grandes accionistas e os políticos testas de ferro, defendidas por milhares de polícias de choque contra os que ousam levantar-se e protestar?

Aceitas como um facto consumado que a democracia representativa te usa para se justificar a si mesma deixando-te escolher entre a bosta e o excremento, entre o fogo e a frigideira, entre o mau e mais do mesmo? Que te promete reduções nos impostos, redução do desemprego e a tua participação democrática em referendos de importância vital e depois te trata como uma criança que não sabe o que quer, manda os teus filhos sem outra alternativa de emprego para a guerra contra a tua vontade, assina tratados à tua revelia e fomenta as deslocalizações de empresas, o desemprego e os teus baixos salários para favorecer a banca e o negócio multinacionais?

Achas suportável um verão que é inverno, um outono que é primavera, um horizonte onde agora a qualquer momento pode aparecer um tsunami, uma tromba de água, uma enxurrada de lama, um céu donde chovam pedras de granizo do tamanho de ovos de avestruz e uma terra que treme cada vez mais em todo o lado? Gostas de ver os oceanos a subir, as espécies animais a extinguir-se a grande velocidade, a herança biológica da nossa agricultura ancestral a ser dizimada por sementes predadoras para alimentar os lucros duma única multinacional e a herança do pesadelo que vais deixar aos teus netos marcada pela vergonha da tua inacção?

Acredita, não é para encher a tua carteira cada vez mais magra que os senhores da guerra e da indústria se mostram incapazes de organizar efectivamente a redução das emissões de gazes e poluentes, ou de admitir em consciência e responsabilidade que os transgénicos não são uma solução, são apenas negócio para alguns, morte para a biodiversidade vegetal, aumento do uso de pesticidas e um risco imponderável para a tua saúde.

Estão demasiado ocupados a espalhar fósforo branco, urânio empobrecido, minas, químicos e vírus perigosos nos países que mantém religiosamente como terceiro mundo através dos torniquetes ao desenvolvimento que são o FMI e a guerra.

Deixaste de te sentir no direito de considerar as conquistas da tecnologia para reduzir o trabalho humano como um bem da humanidade e o direito ao trabalho como um direito básico, inalienável e só sustentável pela redução dos horários de trabalho de todos e por uma divisão mais equitativa dos lucros através de salários para mais gente? Já te perguntaste como é que isso aconteceu?

Um mundo "civilizado"onde a maioria das pessoas precisa dum comprimido para adormecer, outro para acordar e outro para andar contente durante o dia, está muito doente. Pensas nos teus filhos à mercê do abuso do álcool e das drogas, nos rios e rios de gente quimicamente alienada para adaptar-se ao insuportável? Ou para alimentar negócios que são minas de ouro, tanto os legais como os ilegais, obscenamente interligados numa rede de proteccionismo e lavagem de dinheiros, com proxenetismo, tráfico de pessoas e de armas pelo meio?

Já pensaste que o preço dos produtos é simbólico? Na verdade, na realidade, tudo aquilo que consumimos tem um preço de custo perfeitamente irrisório. Isso não te transporta o raciocínio para lado nenhum, entre camionetas de laranja e tomate e outros excessos de produção deitados ao rio para manter os preços altos, sapatilhas saídas a dois cêntimos vendidas a cem e a duzentos euros e tanta gente esfomeada, tanta gente descalça?

Gostas de ter o dinheiro dos impostos altíssimos, que pagas muitas vezes a dobrar, empregue em submarinos, tanques, aviões, munições, casernas e tropas que não te servem para nada, usadas em apoios militares às manobras determinadas por interesses de negócios privados de accionistas gananciosos, em países longínquos cujos habitantes nem te atacaram nem nunca te fizeram mal algum? Não sentes um ligeiro cheiro a sangue inocente e a carne de civis queimada nas tuas mãos quando encolhes os ombros a essa realidade? A expressão "objecção de consciência civil" não te indica algumas possibilidades?

Se os teus filhos mais agressivos e egoístas, aqueles a quem tens de ralhar constantemente porque batem nos irmãos para lhes tirar os brinquedos, que te mentem para se justificar, faltam ao respeito devido a ti e a todos e demonstram a cruel e imatura incapacidade de se condoer como sofrimento alheio, tomassem o mundo de assalto, transformassem os seus brinquedos de guerra num arsenal bélico a sério e se tornassem em despóticos senhores da guerra, usando os bancos como instrumentos de usura e coação, usando as verbas dos impostos que poderiam erradicar a fome, a doença, a ignorância, os nascimentos indesejados de crianças, em suma, a pobreza universal, em fundos para financiar as suas manobras pessoais de crianças enlouquecidas pelo egoísmo e pela ganância, e os media, que também controlassem, como meio para difundir as suas mentiras e nomear os seus bodes expiatórios, não seria isso um pesadelo dos mais macabros? Acorda: é a macabra realidade.

Recusa a esmola, as recolhas de fundos, os "lives aids", eles são o alívio momentâneo do teu desconforto e não fazem mais que ajudar o pobre a ficar como estava e os organizadores a ficarem mais ricos e famosos. Usa o teu voto como a preciosidade que ele é. Se necessário for, não o uses, porque deixou de ser um direito teu, há muito que é a corda com que te enforcam.

Mas levanta-te e faz-te ouvir.

anónima do séc. XXI

2007-10-17

Ocupas do Rivoli festejam um ano

Manuel Vitorino (JN)


O "sketch" foi, desta vez, vivido com mais emoção. Anteontem, à noite, alguns dos actores da peça "Curto-Circuito", juntaram-se , tal coimo o JN noticiou ontem, para evocar a ocupação do Teatro Rivoli. Foi há um ano que, juntamente com outras pessoas, decidiram ocupar, pacificamente, o teatro situado no centro da cidade. Agora, em vez do palco, das luzes e da cenografia, a festa da "Rivolição" decorreu na Praça de D. João I, ao pé das estátuas do escultor Barata Feyo.

"Não foram fáceis aqueles tempos. As pessoas estavam muito preocupadas. Discutimos muito a saída. No final, ficamos 13. É o número dos apóstolos da última ceia de Cristo", explicou, sorrindo, Regina Guimarães, um dos rostos da contestação à política cultural de Rui Rio, também ela alvo de um processo judicial, há dias arquivado pelo Tribunal, por falta de provas.

O encenador Francisco Alves escutou a conversa e, ao JN, contou uma "história triste" "Pela primeira vez na minha carreira, não encontro um local para levar à cena a peça ["O Frigorífico, baseada no conto do dramaturgo argentino Copi]. É inacreditável o que está a acontecer, mas é verdade. Todas as portas estão fechadas para mim".

Há outros lamentos diante dos néons a anunciar a peça "Jesus Cristo Superstar", de Filipe La Féria. Adelaide Barreiros, ex-funcionária da Cultuporto, perdeu o emprego.

"Foi um acto bárbaro", considerou. José Leitão, do "Arte Imagem", também foi à "Rivolição" "A Câmara deve ter juristas experientes para driblar a lei", diz, enquanto Ana Deus, dos "Três Tristes Tigres" evoca uma velha canção de Adriano. "O vento cala a desgraça e o vento nada me diz".

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Emergência na Palestina

Acabo de receber telefonemas de pessoas aterrorizadas. Esta manhã, ao que parece, o exército israelita está a fazer o melhor que pode para sabotar quaisquer conversações com [Condoleeza] Rice ou com a Autoridade Palestiniana. O exército está em Nablus e já há dois mortos.
Os colonos estão a atacar os camponeses palestinianos que andam na apanha da azeitona (incluindo os voluntários do rabi Arik Ashermann que os ajudam) numa aldeia perto de Givat Gilad.
E na aldeia de Marda o exército ocupou um edifício de 4 famílias, e está no telhado a disparar (oiço daqui os tiros).
Quando protestei, agora mesmo, junto da Administração Civil, o soldado que lá estava respondeu-me: "Os soldados têm armas, é para as dispararem. Se o fazem, certamente têm boas razões para isso." Não é verdade. Estão a alvejar miúdos que protestam por lhes invadirem a aldeia.
POR VEZES, OS TELEFONEMAS VINDOS DO ESTRANGEIRO AJUDAM.
Para Marda, por favor telefonem para o DCO: +972 9 766 0328, +972 9 775 9218, +972 57 778 2637.
E telefonem para qualquer outro número de deputados da Knesset ao vosso alcance, para protestar.
Obrigado, Dorothy.
Nablus, Palestina, 16 de Outubro de 2007, 10h20.
(mensagem pessoal que a Audiência portuguesa do Tribunal Mundial sobre o Iraque recebeu de companheiros do World Tribunal on Iraq)

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2007-10-16

IFPI.com é propriedade do Pirate Bay

Os suecos do Pirate Bay já nos habituaram às suas inúmeras acções hilariantes, mas esta é demais: A Feferação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), entidade que representa os interessas das quatro grandes editoras discográficas por todo o globo, esqueceu-se de renovar o registo do nome de domínio IFPI.com, como o comprovam os arquivos disponíveis no WayBack Machine. Em resultado desse desleixo, deixou-o perder para um blogger anónimo que por sua vez o decidiu doar a brokep, o administrador do tracker de BitTorrent, tal como o comprovam os dados do WHOIS do site.

Agora, quem digitar ifpi.com na barra de endereços do seu navegador da Web irá dar de caras com o site de uma IFPI completamente diferente, a Federação Internacional dos Interesses Piratas, que de acordo com o Brokep referiu ao TorrentFreak consiste numa nova federação internacional criada de modo a promover a pirataria na Internet no sentido de responder aos constantes ataques lançados pela verdadeira IFPI contra o Pirate Bay.

Lê mais em Remixtures

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Fora da Lei

João Semedo (esquerda.net)

Rui Rio, cuja auto-propaganda quer fazer passar por autarca modelo, comporta-se como um fora da lei. Não é de hoje, vem de trás. O caso Rivoli é simplesmente mais uma confirmação. Começou com as irregularidades do pseudo-concurso através do qual entregou o Rivoli ao empresário La Féria e continua agora com o desrespeito da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto que considerou estar todo o processo "profundamente afectado por ilegalidades", significando isso que fica suspensa a deliberação da CMP de atribuir a La Féria a concessão da exploração do Rivoli.

A decisão é clara para toda a gente: La Féria devia fazer as malas, regressar a Lisboa e libertar o Rivoli para que este possa retomar a sua vocação de teatro municipal, para a qual foi recuperado e equipado com dinheiros públicos. Mas o que é claro para todos, turva-se na mente rebuscada e perversa de Rui Rio. Aquilo que foi um concurso promovido, organizado e realizado pela CMP - e agora declarado ilegal, deixou de o ser e passou a ser um simples convite da câmara a La Féria. La Féria não é um concessionário, é um convidado da Câmara. E como é um convite, a companhia de La Féria manter-se-á no Rivoli até ao dia em que Rui Rio dê o convite por esgotado. Rui Rio igual a si próprio: quero, posso e mando. Leis? Juizes? Sentenças? Isso é para os outros respeitarem. Outros, a quem Rui Rio - o virtuoso, passa a vida a apontar o dedo.

Rui Rio não gosta da actividade cultural, prefere corridas de calhambeques e donas elviras. Além do mais para estas nem se perde tempo com essa fantochada dos concursos. A cultura é um desperdício de tempo e de dinheiro. Ainda por cima , os artistas têm essa mania estúpida de ser gente independente, com espírito crítico e que pensa pela sua cabeça. Na sua visão curta, Rui Rio acha que o povo não gosta e muito menos merece conviver com a cultura e as artes. Suspeita mesmo que lhes possa fazer mal ou até arrastá-los para maus caminhos. Diversão, espectáculo, entretenimento, fantasia, glamour, teatro de casino: isso sim, nisso é que vale a pena apostar e gastar o dinheiro da autarquia, naturalmente, para bem dos portuenses e do seu sossego. A vida é tão difícil que o melhor é enganá-la com o can-can e o cha-cha-cha dos La Férias e derivados. E, de engano em engano, lá chegaremos às próximas eleições. Nas quais, Rui Rio espera que o povo lhe seja reconhecido.

Há muito - ainda nem se falava no assunto e muito menos no concurso, que a cidade sabia que La Féria viria tomar conta do Rivoli. Tudo estava combinado entre o autarca e o empresário. O concurso - a que estava obrigado, não foi mais que um disfarce, um estratagema, para esconder o negócio previamente acordado. Mas nem o povo é ceguinho, nem os artistas andam distraídos. A contestação foi grande, ninguém se calou. E aquilo que Rui Rio julgava serem favas contadas, tornou-se assunto de primeira página nos jornais e presença obrigatória nos alinhamentos dos telejornais. Tudo má vontade dos jornalistas, claro está: um deles até se atreveu a participar na manifestação contra a entrega do Rivoli. E para que constasse, Rui Rio não se esqueceu de o mandar filmar, bem ao jeito do antigamente.

Para cúmulo, até os tribunais lhe recusaram razão. Rui Rio está furioso e reagiu como é seu costume: bilioso e vingativo, reclama o afastamento da juíza que tem a seu cargo a apreciação de uma segunda providência cautelar sobre o Rivoli, acusando a juíza de falta de isenção e imparcialidade por ter assinado uma petição contra as obras de requalificação da Baixa do Porto, com as quais Rui Rio pretende ficar na História.

A esta hora, também os juizes têm lugar reservado na galeria dos ódios de estimação de Rui Rio, lado a lado com artistas e jornalistas.

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700.000 palestinianos presos desde 1967

Segundo um relatório exaustivo elaborado por Abdul Nasser Farawna, ex-preso, especialista dos Assuntos dos Presos Palestinianos e responsável do serviço de recenseamento no Ministério dos Presos da Autoridade Palestiniana, o Estado de Israel raptou [prendeu] 700.000 palestinianos desde que ocupou os territórios da Palestina em 1967. O relatório declara também que Israel viola os direitos dos presos segundo as leis internacionais em vigor. Fawana escreve que "as prisões israelitas são túmulos para os presos palestinianos", privados dos seus direitos, torturados, isolados e sem acesso a cuidados de saúde.

Relatório sobre campos de detenção e prisões israelitas

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Mudar de Vida - Lançamentos e debates

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2007-10-14

Rivolição

Faz na 2ª Feira, dia 15 de Outubro, um ano que lá estivemos uns dentro, outros fora, outros dentro e fora.

Nesse dia, às 22h voltaremos ao local do nosso «CRIme»

A ANA DEUS CANTARÁ, A FANTARRA COLHER DE SOPA TOCARÁ, os grupos envolvidos nesta causa FARão CIRCULAR INformação, o actor daniel Pinto lerá o último acto da peça «curto-circuito», em cena na 1ª noite do protesto contra a política da CMP

PORQUE A PRAÇA É Nossa e o Rivoli há-de voltar a sê-lo

2007-10-13

Festa de Herodes na Casa Viva

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2007-10-12

La Féria dispensado de pagamentos
(ou É o Regabofe, Estúpido – Parte II)

O executivo da CMP decidiu que as produções de La Feria no Rivoli, para além do contratualizado facto de passarem as despesas de manutenção, limpeza e segurança do Teatro, para as mãos da autarquia, deveriam ser poupadas a contas que, também por contrato, deveriam ficar a cargo da Todos ao Palco, a empresa que dá cobertura legal à presença de La Feria em D. João I.

Assim, há anúncios gratuitos na revista municipal Porto Sempre e no site da CMP. Apesar de se tratar de uma empresa privada, a Todos ao Palco também não paga as taxas de publicidade relativs aos dois cartazes de grandes dimensões afixados nas fachadas do Rivoli, nem as taxas de ocupação da via pública relativas à instalação de uma cruz na Praça D. João I, alusiva ao espectéculo Jesus Cristo Superstar. A Todos ao Palco também não gasta um tostão pela afixação de cartazes nos mupis publicitários que a CMP tem espalhados por toda a cidade.

A explicação da CMP, para suportar estas despesas em nome de La Feria, que já obteve uma receita bruta que ronda o milhão de euros, é que a Todos ao Palco é tratada “como se fosse o próprio Rivoli, de acordo com as palavras que o Público de hoje coloca na boca de Florbela Guedes, responsável pelo gabinete de comunicação da da Câmara.

Ninguém sabe, porque ninguém o diz, se há algum protocolo que vincule a autarquia a estas isenções, que mais não passam, assim, de de um subsídio explícito à empresa de La Feria. Isto na terra da luta contra o terrorismo-disfarçado-de-subsídiodependência. Tudo o que se sabe é que há um contrato celebrado entre a CMP e a Todos ao Palco a 15 de Março, rectificado por um aditamento de 2 de Maio, sendo que nos dois documentos apenas é instituído que a Câmara cede “os espaços, directa ou indirectamente, necessários à produção e realização dos espectáculos”, comprometendo-se a empresa a “suportar as despesas por si incorridas em publicidade e divulgação”.

Quando a CDU pretendeu, em reunião de Câmara, discernir da legalidade deste procedimento, a maioria CDS-PSD chumbou a respectiva proposta, que o querido líder considerou “ridícula”.

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Novo estudo científico revela ameaças do Milho Bt aos ecossistemas aquáticos

Excerto do artigo publicado em http://ingenea.pegada.net

Um grupo de cientistas da Universidade de Indiana descobriu que o polen e outras partes da planta de milho transgénico Bt são lixiviadas para os cursos de água perto de campos de milho, podendo afectar os ecossistemas aquáticos. Além das monitorizações no campo de partes do milho Bt em 12 cursos de água de uma área de produção intensiva do estado de Indiana em 2005-2006, foram realizadas análises de toxicidade em laboratório.

Os resultados da investigação demonstram que partes do milho Bt, que incluem pólen, folhas e grãos, estão a ser arrastadas para os cursos de água e percorrer distâncias até 2000 metros. Os dados de campo indicam que o polén transgénico é comido pelas moscas-de-água (Ordem Trichoptera), que por sua vez constitui uma importante fonte de alimento para organismos superiores como os anfíbios ou os peixes.

(...)
Ler artigo completo em http://ingenea.pegada.net/?p=21

2007-10-11

Pirate Bay processa indústria do entretenimento

Nos últimos meses tem havido inúmeras notícias de associações ligadas à indústria do entretenimento a interpor processos contra sites de partilha de ficheiros. Muitos deles têm como alvo o maior site de torrents do mundo, o Pirate Bay. Esta história é um pouco diferente: desta vez é o Pirate Bay que anunciou que vai processar “a indústria da música e do cinema”.

O Pirate bay é um agregador de torrents (pequenos ficheiros que servem de “mapas” aos utilizadores p2p) e foi processado por inúmeras entidades que acusam os “piratas” de violação de direitos de autor. Até agora, as iniciativas legais têm falhado, porque, à luz do quadro jurídico sueco, a actividade do Pirate Bay é legal.

No mês passado, a Associação Fonográfica Portuguesa, a Cooperativa de Gestão dos Direitos dos Artistas, Intérpretes ou Executantes e a Federação dos Editores de Vídeo enviaram uma carta à polícia sueca apelando a que voltasse a agir contra o site.

Agora, o Pirate Bay contra ataca. Num artigo colocado no seu blog, o site sueco ameaça processos contra uma série de conglomerados de média, acusando-os de “pagar a hackers profissionais e sabotadores”: “Temos provas do que suspeitávamos há muito tempo (...) relatamos estes incidentes à polícia”. A acusação é que estes “hackers profissionais” cometeram actos de “sabotagem infraestrutural, spamming e ataques de negação de serviço”.

O Pirate Bay diz ter denunciado as filiais na Suécia de uma série de grandes empresas, entre as quais os estúdios cinematográficos Twentieth Century Fox e Paramount, as editoras musicais EMI e Sony BMG, e as editoras de jogos Ubisoft e Atari.

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Quando a ecologia e a economia colidem

As campanhas de sensibilização e as obras que têm permitido uma poupança considerável de água podem parecer, assim à primeira vista, com aquele olhar ingénuo de quem não sabe muito bem onde vive, uma coisa boa. Visto desta forma, sabendo que, em dois anos, de 2005 a 2007, se deixaram de gastar cerca de 6 milhões de metros cúbicos, poder-nos-iamos sentir tentados a exultar de alegria.

Puro engano. A olhar para as coisas pelo lado da ecologia, malandreco? Volta lá à terra! Esses seis milhões de metros cúbicos deixaram de ser vendidos! E as empresas, sim senhor, têm cartazes azuis e preocupações verdes, mas andam aqui para prosperar e, não tendo nada contra a poupança, preocupam-se com as quebras de receitas.

Vai daí, a Águas do Douro e paiva (AdDP) decidiu aumentar o preço da água em 8,1%, a sentir já nas facturas de 2008 por todos os habitantes dos 18 concelhos da Área Metropolitana do Porto abastecidos por esta empresa.

Rui Rio, o querido líder de um dos maiores clientes da empresa, achou o aumento “uma barbaridade”. Mais tarde, à saída de uma reunião extraordinária que juntou os 14 municípios da Junta Metropolitana do Porto, chegou a afirmar que “empresas de distribuição de água como a AdDP não devem ser empresas altamente lucrativas”.

Ora, vendem-nos a pastilha de que só através de empresas é que os serviços conseguem ser fornecidos em condições satisfatórias. Depois, quando o mercado faz com que as coisas corram um bocado para o torto, quer-se colocar entraves ao mercado, penalizar os accionistas da empresa, sempre tão louvados, colocar essa empresa num patamar semelhante ao do Estado, onde o serviço não tem que ser lucrativo.

Se a proposta aparecesse noutra altura e vinda de outro lado, não faltariam as palavras sobre a obsolescência de tal discurso. Mas, agora, parece que a competitividade já não é o bem supremo, parece que a satisfação dos accionistas não é já a razão principal para a boa gestão, quase que podemos acreditar que, afinal, o crescimento das empresas não anda de mão dada com a melhoria das condições de vida.

As razões para nos opormos à privatização dos bens e serviços públicos não estão em “livros bolorentos” nem em “ideologias passadistas”. Aparecem-nos em casa.

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TIC arquiva processo "Rivolição"

O Tribunal de Instrução Criminal do Porto decidiu arquivar a queixa contra as pessoas que ocuparam simbolicamente o Teatro Tivoli, durante três dias em Outubro de 2006. O protesto era contra a decisão da Câmara Municipal do Porto, de ceder aquela sala de espectáculos a Filipe La Féria.

As derrotas de Rui Rio artigo de João Teixeira Lopes

Os protagonistas da "Rivolição" não serão julgados em Tribunal, apesar de terem sido retirados do teatro por mais de cem polícias. Os ocupantes do Rivoli protestavam então contra a decisão de Rui Rio de entregar o teatro a Filipe La Féria, que até hoje não pagou um tostão à Câmara (vê notícia em esquerda.net: Porto: Câmara ainda não recebeu um tostão de La Féria).

O Tribunal de Instrução Criminal do Porto decidiu arquivar o processo, por considerar que as pessoas que ocuparam simbolicamente o Rivoli não cometeram o crime de introdução em local vedado ao público, pois tinham autorização para lá estar.

A juíza considerou que "nunca os arguidos seriam condenados em sede de julgamento, também porque resulta dos autos que os arguidos estavam plenamente convencidos de que poderiam permanecer nas instalações do teatro".

Regina Guimarães, a autora da peça que estava na altura em cena no teatro e que foi uma das ocupantes, declarou ao Jornal de Notícias: "Recebemos a notícia com agrado por várias razões, mas a mais importante é que o Tribunal reconhece o carácter político do acto".

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Assim mesmo é que é!

O texto a ser adoptado pelo Consselho Europeu, a 18 de Outubro, em Lisboa, foi finalmente publicado, a 5 de Outubro de 2007. Isto deixa menos de duas semanas para que seja lido, entendido e discutido e para que a sociedade civil e os parlamentos nacionais coloquem sobre a mesa os seus pontos de vista.

O Tratado/Constituição pode ser encontrado aqui

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Nem Deuses Nem Artistas

Nem Deuses Nem Artistas - O programa de música/informação anarquista. Todas as segundas, terças, quartas e quintas das 19:00 às 23:00 na rádio libertária.

Para mais informações sobre a emissão consulta o site http://ndna.no.sapo.pt

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2007-10-08

Festa da COSA - Se não podes ir, pelo menos ouve
@s companheir@s de Setúbal farão uma emissão em directo da Cosa durante os 3 dias de festa. Para tod@s @s que não poderão estar presentes fica a oportundade de acompanhar as celebrações a partir do streaming da rádio.
Rádio Libertária
7º aniversário da COSA

12, 13 e 14 de Outubro
Actividades e Festejos na Casa Okupada de Setúbal Autogestionada
Estes 7 anos já ninguém nos tira!