2007-10-17

Ocupas do Rivoli festejam um ano

Manuel Vitorino (JN)


O "sketch" foi, desta vez, vivido com mais emoção. Anteontem, à noite, alguns dos actores da peça "Curto-Circuito", juntaram-se , tal coimo o JN noticiou ontem, para evocar a ocupação do Teatro Rivoli. Foi há um ano que, juntamente com outras pessoas, decidiram ocupar, pacificamente, o teatro situado no centro da cidade. Agora, em vez do palco, das luzes e da cenografia, a festa da "Rivolição" decorreu na Praça de D. João I, ao pé das estátuas do escultor Barata Feyo.

"Não foram fáceis aqueles tempos. As pessoas estavam muito preocupadas. Discutimos muito a saída. No final, ficamos 13. É o número dos apóstolos da última ceia de Cristo", explicou, sorrindo, Regina Guimarães, um dos rostos da contestação à política cultural de Rui Rio, também ela alvo de um processo judicial, há dias arquivado pelo Tribunal, por falta de provas.

O encenador Francisco Alves escutou a conversa e, ao JN, contou uma "história triste" "Pela primeira vez na minha carreira, não encontro um local para levar à cena a peça ["O Frigorífico, baseada no conto do dramaturgo argentino Copi]. É inacreditável o que está a acontecer, mas é verdade. Todas as portas estão fechadas para mim".

Há outros lamentos diante dos néons a anunciar a peça "Jesus Cristo Superstar", de Filipe La Féria. Adelaide Barreiros, ex-funcionária da Cultuporto, perdeu o emprego.

"Foi um acto bárbaro", considerou. José Leitão, do "Arte Imagem", também foi à "Rivolição" "A Câmara deve ter juristas experientes para driblar a lei", diz, enquanto Ana Deus, dos "Três Tristes Tigres" evoca uma velha canção de Adriano. "O vento cala a desgraça e o vento nada me diz".

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