2008-02-28

E o mentiroso sou eu?

Aqui há tempos, afirmei que Rui Rio não dizia publicamente que os que promoveram a petição pelo Bolhão eram mentirosos, porque tinha medo que lhe desmascarassem incoerências. Colocava dúvidas, mas, no fundo, quase acreditava que haveria alguém que, quando ele dissesse que a demolição era uma invenção dos contestatários, lhe opusesse as afirmações de quadros da TCN, para quem a destruição do interior do mercado é uma "inevitabilidade".

Andava enganado. Não só ele teve a coragem de dizer publicamente que a petição é mentirosa, como ainda teve por consequência a transmissão exacta das suas palavras, o reflexo inalterado das suas ideias. No questions asked, dizem, com acerto, os nossos amigos de língua inglesa.

Com o presidente da CMP descobri ainda que não era só por aí que não andava certo.

Estive no início das mobilizações, mas não estive na redacção da petição. Ou seja, não sei ao certo se sou dos que manipulam ou dos que foram manipulados. De qualquer forma, ou estava errado ou fui enganado, sabe-se lá porquê, que isto das mentes humanas, principalmente das que não gostam do executivo camarário, são assim, dadas a estas palhaçadas sem causa aparente, talvez não tivessem que fazer ao sábado de manhã e necessitassem de festa e companhia na Rua Formosa.

Rio brincou com os jornalistas e os jornalistas foram na tanga. Rio chamou, a 50.000 pessoas, manipuladores, mentirosos ou, na melhor das hipóteses, estúpidos ("só é enganado quem quer"). Na terra onde chamar energúmeno a alguém dá direito a processo judicial será que isto não dá direito a nada?

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