2008-02-22

Perseguidor me confesso

Hoje, no Indymedia, alguém colocou um texto importante para se perceber o que se vai passando com a questão do Bolhão.

Ficamos a saber que ainda "não há contrato subscrito entre a Câmara Municipal do Porto e o Promotor Imobiliário", o que não é de estranhar, ou não fosse este um processo em que também não há projecto de intervenção.

Confirmamos também que a empresa holandesa que vai ficar com o Bolhão durante, pelo menos, 50 anos dá entrevistas a jornais como se tanto o contrato com o seu projecto (ainda em forma de "conceito") fossem uma realidade. Numa dessas entrevistas, terá dito que, para justificar o investimento, a demolição do interior do Mercado do Bolhão, no Porto, é uma "inevitabilidade".

Sabemos agora, ainda com a tal notícia que li hoje no Indymedia, que o executivo camarário afirma que a demolição é pouco mais do que uma loucura e que nunca acontecerá. Algo de estranho se passa por aqui e digo isto para não chamar mentiroso a ninguém, que nesta terra essas extrapolações podem levar a tribunal.

Habitual foi, por outro lado, a vitimização política do executivo da CMP. São uns perseguidos, coitados, fazem tudo tão bem mas há sempre gente mal intencionada que quer ver-se livre deles, não hesitando em deitar mão das mais vis mentiras. Vá-se lá perceber estas gentes tripeiras...

Podemos, no entanto, aferir o porquê do estranho silêncio de Rio sobre o assunto. De facto, o outrora tão visível autarca parece que se evaporou das aparições mediáticas e, que eu saiba, ainda não se lhe ouviu uma reacção à recente onda de contestação a que se tem assistido por causa do mercado. Com tanta razão que acha que tem, com tanta certeza de que tudo não passa de "contra-informação que (...) é uma campanha política contra o Executivo Municipal, que apenas convence os menos esclarecidos", estranha-se que ainda não tenha utilizado uma das inúmeras ocasiões que costuma inventar para aparecer nas televisões para destruir a argumentação dos que lhe movem tal perseguição. A verdade, caros amigos, é que toda a gente sabe que a empresa a quem ele decidiu dar a gestão do Bolhão para o próximo meio século vai mesmo demolir o interior do mercado. E ele, se o pode dizer nas respostas às cartas individuais que vai recebendo, não o pode dizer assim, em frente às câmaras. Porque, apesar de ser pouco provável, pode haver jornalistas que lhe desmascarem a mentira (é só uma pequena falta à verdade, senhor doutor, não estou - longe de mim - a chamar mentiroso a V. Exa.) e a sua imagem de futuro líder do PSD e candidato a primeiro ministro pode ficar afectada.

Cá por mim, perseguidor me confesso, vou acordar cedinho no sábado para ir ao Bolhão.

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