2007-04-17

Monitorização de P2P: "eles" andam aí

Nos últimos anos a comunidade P2P tem vindo a desenvolver uma série de projectos que visam identificar os “utilizadores falsos” empregues pela RIAA, MPAA e IFPI para “caçar” os utilizadores de redes de partilha de ficheiros que efectuam downloads de material protegido pelos direitos de autor. Através da elaboração e manutenção de listas de séries de endereços IPs suspeitos, este tipo de software pretende assim ajudar os utilizadores a evitarem esses “amigos da onça”, bloqueando todas as ligações com eles através de redes como BitTorrent, eDonkey (ed2k) e Gnutella. Mas qual será a probabilidade de um utilizador encontrar um destes endereços IP se não empregar qualquer software de bloqueio?

Segundo um estudo elaborado por investigadores da Universidade de Califórnia, Riverside, um internauta que partilhe ficheiros através de redes P2P totalmente desprotegido será quase de certeza monitorizado. Para além disso, verificou-se que entre 12 a 17 por cento dos endereços IP únicos contactados pelos utilizadores constavam de listas de bloqueio. Durante 90 dias - entre Janeiro e Março de 2006 -, os investigadores recolheram dados obtidos a partir das aplicações PeerGuardian, Bluetack e Trusty Files relativos a ligações iniciadas na rede Gnutella empregando nós nos EUA, Europa e Ásia. Para aceder à informação, a equipa pesquisou ficheiros de músicas que constavam das listas dos êxitos do momento em cada continente.

Outra conclusão interessante é que só o facto de se evitar os cinco principais IPs reduz para um por cento as hipóteses de se ser monitorizado. Isto derivado do facto de que estes endereços são responsáveis por quase 94 por cento dos registos das listas de bloqueio. Por outro lado, a maioria dos IPs que constam dessas “listas negras” pertencem a organizações governamentais ou comerciais (71 por cento dos registos), sendo que os 15 endereços mais encontrados funcionam a partir de séries de IPs BOGON, endereços que não estão atribuídos a uma entidade específica e que são frequentemente utilizados por organizações que pretendem permanecer anónimas…

Isto leva a crer que os caça-”piratas” são profissionais naquilo que fazem, sendo especificamente contratados pelos fornecedores de conteúdos para desempenharem estas “tarefas sujas”. Na verdade, segundo os dados dos investigadores, estes últimos parecem ter muito cuidado em não “sujarem” as mãos: apenas 0,5 por cento dos registos de IPs nas listas negras pertenciam a conglomerados multimédia como a Time Warner.

Apesar de o artigo não referir se filtros como o PeerGuardian são eficazes, ele deixa o aviso de que o utilizador de redes P2P que não tenha um software deste tipo instalado no seu computador está a ser vigiado. Mas será que esta conclusão também é válida para outro tipo de material que não aquele que é o mais popular do momento, bem como para outras redes que não as mais frequentadas?

Fonte: Remixtures

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