2006-11-20

Colectividades contra despacho de Rui Rio
Associações criticam executivo

A Federação das Colectividades do Distrito do Porto, em comunicado, lamenta que a Câmara Municipal esteja “a tornar a cidade num lugar pardo, triste e deprimido, sem vida e desertificado, onde poucos têm gosto em viver”.

As declarações surgem na sequência do despacho emitido por Rui Rio dando conta o fim dos subsídios pecuniários, pondo, deste modo, fim ao que apelidou de “subsidiodependência”. A federação entende o despacho como um modo de “calar as vozes que lhe são contrárias, comprando o seu silêncio com subsídios”. Com efeito, o grupo das colectividades, responsável pelas associações de cultura e desporto do distrito, manifesta o seu desagrado perante “a postura da câmara em matéria de apoios”. A federação frisa que é “imperativo constitucional” que as actividades culturais e desportivas cheguem às populações. “O dinheiro atribuído pelo Estado à câmara para governar a cidade não é do seu presidente, nem do executivo camarário, mas dos contribuintes”, sublinha a Federação das Colectividades, explicando, de seguida, que “o subsídio não é um acto de generosidade de um presidente, mas a forma de compensar as associações pelo serviço prestado por estas à população”.

Na missiva, a federação vai mais longe, e alega que a autarquia “prefere financiar estúdios móveis para difundir música «pimba» pelos bairros sociais, a apoiar iniciativas que permitiriam elevar o nível cultural da cidade”. “A câmara esbanja dinheiro em iniciativas tão inúteis como corridas de chaços velhos”, remata.

A Federação das Colectividades do Distrito do Porto realça ainda no documento que entidades culturais como o Fantasporto e o Teatro Experimental do Porto “são obrigadas a «exilar-se» na outra margem do rio”.

A associação das colectividades não esquece a situação desportiva da cidade e salienta que o executivo de Rio pretende “cobrar verbas injustificadas às colectividades que o promovem”. Lastima também as quantias exorbitantes requeridas pelo aluguer dos espaços desportivos, que “ficou entregue a uma empresa municipal que cobra às colectividades desportivas o pouco dinheiro que lhes resta para promover a prática do desporto”. “Recentemente a câmara exigiu mais de 350 mil euros em licenças pela construção do complexo desportivo de uma instituição de utilidade pública”, exemplificou.

Em contrapartida, ressalta a federação, “a autarquia mandou pendurar cestos de basquetebol nalguns jardins e pintar referências quilométricas na marginal”.

A Federação das Colectividades do Distrito do Porto reiterou, por fim, que o “despacho é manifestamente ilegal e prejudicial para a cidade e para a população”.

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