2006-06-25


Movimento pelos Direitos dos Imigrantes nasce e cresce nas ruas do Porto

No seguimento do suicídio do paquistanês Hamid Hussein, uma conferência de imprensa coberta apenas pelo Público e o trabalho de alguns militantes da luta contra a discriminação de imigrantes fez com que, no dia 15 de Junho ao ínicio da tarde, cerca de 80 pessoas se tenham decidido juntar na baixa do Porto para não deixar passar em claro mais uma situação em que cai a máscara bonita do "país que acolhe". Não havia faixas, nem bancas, nem papelada a ser distribuída. Mais do que uma concentração programada, notava-se que o que houve foi a urgência de encontrar outras pessoas com um sentir próximo.

No entanto, como nem só de explosões espontâneas vive o ser humano e as suas lutas, foi, logo ali, decidido que haveria um outro encontro, esse sim para começar a organizar melhor a resposta ao SEF, à política de imigração nacional e ao racismo rasteiro e hipocritamente escondido que caracteriza a grande maioria da populacão portuguesa. Na segunda-feira seguinte, haveria uma assembleia com todos os interessados para se organizarem grupos de trabalho e preparar uma manifestação/ marcha para denunciar este e outros casos de discriminação e para exigir mudanças profundas. Chamar-se-ia Manifestação Luto Imigrante - Somos tod@s I/Emigrantes!

Na segunda-feira, 19 de Junho, mais algumas dezenas de pessoas estavam na Praça da Liberdade para ouvir com os seus próprios ouvidos detalhes desta e doutras histórias onde o SEF, especialmente a sua delegação portuense, ficam muito mal na fotografia. Ao fim de 2 horas de discursos multilingues, encontros e conversas informais, os imigrantes e os portugueses solidários presentes decidiram promover sábado, ao fim da tarde, uma nova manifestação na baixa do Porto, seguida de marcha por várias artérias da cidade.

E no dia 24, dia de S. João, por volta das 18.30, foi novamente na rua que as pessoas se encontraram. Em número pequeno, de início, mas que ultrapassou as 2 centenas quando a marcha chegou novamente ao local de partida. Nas palavras de ordem está o conteúdo da acção "Trabalhadores Imigrantes e Portugueses - Solidariedade"... "Por um mundo sem fronteiras - Solidariedade Internacional"... "Director do SEF Porto - Demissão"... "Racismo não!". Graças a um grupo de ganeses a animação e o ritmo foram contagiantes e, quando de volta à Praça da Liberdade, já pouca gente resistia a bater palmas, dançar e cantar "É a luta!".

A concentração que se gerou no final serviu ainda para se decidir voltar a agir, desta vez com uma marcha que se dirija ao SEF. Ou seja, haverá, em breve, novidades sobre o assunto.

Para além da presença de muitas pessoas a título individual, estas acções e todo o trabalho invisível que esta luta particular comporta têm sido levadas a cabo por: AACILUS, AMIZADE - Associção de Imigrantes do Leste, ESSALAM - Associação de Imigrantes Magrebinos/ Amizade Luso-Árabe, CNLI/Atlas, Espaço Musas, SOS Racismo e Terra Viva/ Terra Vivente

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